As ambíguas emoções da temporada de premiações
Temporada de premiações todo ano é igual. Expectativas, chororô e escândalo para os esnobados. O Oscar 2024 não fugiu à regra, mais uma vez, deixando de fora a diretora Greta Gerwig, a atriz Margot Robbie e o ator Leonardo DiCaprio, para ficar nos mais famosos. A diretora estreante Celine Song também não ficaria mal entre os diretores. Na categoria filme estrangeiro, muitos sentiram falta de Folhas de Outono, a pérola de delicadeza do finlandês Aki Kaurismaki. Também me agradaria ver o turco Ervas Secas, de Nuri Bilge Ceylan nessa corrida.
Toda essa conversa, confesso, me dá um certo tédio. Premiações são ótimas, é claro, mas trazem consigo isso mesmo, injustiças e omissões. Eu mesma, quando participo das votações anuais dos críticos, na Abraccine e no Festival Melhores Filmes do Sesc, me sinto sempre angustiada. Olho para aquela lista enorme de filmes e nunca me satisfaço com o número de premiados. Dez, pra mim, sempre é pouco. Eu sempre engato um pouco mais.
Fora que essas listas de melhores filmes, atores, roteiros, etc., tendem a mudar com o tempo. Daqui a um mês, a ordem dos filmes preferidos pode mudar radicalmente. Até porque é o tempo que decide o que assenta no fundo de nossa memória, de nosso sentimento dos filmes a que assistimos. Há titulos que vimos há 20 anos e cujas cenas, inteiras, gravaram em nossas retinas. Outros de que gostamos tanto não resistem à passagem do tempo. Está aí uma coisa que premiação alguma é capaz de garantir, a relevância de uma obra. É muito bom para quem ganha, mas não é garantia de qualidade absoluta.
O público, no entanto, parece que continua fascinado por essas premiações, ou por suas cerimônias, pelo glamour, ou o que quer que seja. Indicação ao Oscar leva plateias ao cinema e quem sou eu para ser contra isso, ainda mais depois da rebordosa que foi a pandemia. Que venha o público, a sala de cinema ainda é o melhor lugar do mundo para descobrir um filme. O streaming, para recordar, reviver. O importante é que o audiovisual, e suas emoções, sobrevivam