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- Tempo de leitura 3 minutos
Desta vez sem mico na reta final, o Oscar 2018 seguiu todas as apostas anteriores e premiou exatamente quem se esperava. A fantasia A Forma da Água, de Guillermo del Toro, campeão de indicações (13), levou para casa quatro estatuetas – melhor filme, diretor, desenho de produção (direção de arte) e trilha sonora original.
Os atores principais, como até as pedras sabiam, foram Gary Oldman, por sua impecável interpretação de Winston Churchill em O Destino de uma Nação (filme que venceu outro Oscar por maquiagem e cabelo), e a maravilhosa Frances McDormand, levando seu segundo Oscar pelo drama Três Anúncios para um Crime e pronunciando o melhor discurso de uma noite varada pelo tédio das piadas ruins do apresentador Jimmy Kimmel.
Criando um momento inesquecível nestes 90 anos do Oscar, Frances convocou todas as mulheres indicadas, em todas as categorias, a ficarem de pé e disse: “Todas nós temos projetos e histórias para contar. Vamos ser militantes da inclusão. Mas não venham falar conosco na festa hoje. Nos chamem para conversar nos seus escritórios depois”. Mereceu uma entusiasmada ovação.
Dunkirk, o bom drama de guerra de Christopher Nolan, venceu três Oscar técnicos, edição de som, mixagem de som e montagem. E a ficção científica Blade Runner 2049, de Denis Villeneuve, conquistou outros dois, efeitos visuais e fotografia, este para o veterano inglês Roger Deakins, finalmente saindo da fila depois de 14 indicações.
Dois Oscar ficaram também para a animação Viva – a vida é uma festa, de Lee Unkirich e Adrian Molina: melhor longa de animação e melhor canção original, Remember Me, de Kristen Anderson-Lopez e Robert Lopez, reforçando a tendência desta edição de valorizar artistas mexicanos ou seus descendentes – um recado direto à intolerância do presidente Donald Trump e sua ameaça de construir um muro para bloquear a imigração da nação vizinha. Em seu discurso de agradecimento, aliás, o mexicano Guillermo del Toro fez questão de lembrar sua condição de imigrante e dar seu conselho a todos os que querem ter sucesso, acreditando nos seus sonhos: “Chutem a porta e entrem!”.
Que viva Chile!
Na categoria filme estrangeiro, outra nota latina com a vitória do drama chileno Uma Mulher Fantástica, de Sebastián Lelio, que apresenta a história de uma transexual (a extraordinária Daniela Vega, que, dentro de um vestido vermelho, anunciou uma das canções originais concorrentes da noite).
Também foram previsíveis – e merecidos! – os prêmios de melhor atriz coadjuvante para Allison Janney, como a mãe disfuncional de Eu, Tonya, e Sam Rockwell, por Três Anúncios para um Crime.
No segmento roteiro, ficou para o veterano inglês James Ivory, do alto de seus 89 anos, o Oscar de roteiro adaptado por Me chame pelo seu nome. O melhor roteiro original ficou para o novato Jordan Peele, pela boa surpresa Corra!.
Com seis indicações, o drama Trama Fantasma, de Paul Thomas Anderson, só levou mesmo o Oscar de figurino, uma espécie de consolação para um filme sofisticado e muito bem-feito. E o melhor documentário foi Ícaro, de Dan Cogan e Bryan Fogel, derrotando o favorito Visages, Villages, de Agnès Varda e JR.
Mas os grandes esnobados da noite foram mesmo a comédia dramática Lady Bird - A Hora de Voar, de Greta Gerwig, e o drama Mudbound – Lágrimas sobre o Mississippi, de Dee Rees, que não levaram nenhuma de suas indicações (cinco e quatro, respectivamente). Mesmo caso de The Post, de Steven Spielberg - mas, especialmente neste último caso, foi melhor assim.