Mostra de Gostoso enfrenta temporal e mantém programação na tenda Petrobras
- Por Neusa Barbosa
- 28/11/2023
- Tempo de leitura 3 minutos
S. Miguel do Gostoso - Vivendo a situação inédita de fortes chuvas que impediram a realização de sua tradicional sessão noturna na grande sala ao ar livre da Praia do Maceió - o que acontece pela primeira vez nos 10 anos da Mostra de Cinema de Gostoso -, o festival exibiu os últimos dois curtas e o longa da competição da noite de segunda (27) na Sala Petrobras - uma tenda climatizada de 109 lugares, construída por esse patrocinador e que permitiu que a programação não fosse interrompida.
Assim, a pequena plateia da sala lotada assistiu a Lapso, de Caroline Cavalcanti (MG), Cabana, de Adriana de Faria (PA) e ao longa O Dia que Te Conheci, de André Novais Oliveira (MG). Como a premiação oficial dos filmes ocorre por votação popular, será aplicado um cálculo proporcional às notas dadas nesta sessão, a fim de que estes últimos candidatos ao troféu Cascudo não sejam prejudicados - já que é muito maior a capacidade da sala ao ar livre em comparação com esta.
Encerramento
Nesta noite de terça (28), está prevista a cerimônia de premiação, a partir das 20h30 - que, como a chuva continuava nesta manhã, deverá provavelmente ocorrer também na Sala Petrobras, que mantém à tarde as últimas sessões da mostra paralela Panorama. No encerramento, estão previstas ainda as exibições do curta Mãri-Hi - Á Árvore do Sonho, multipremiado trabalho do cineasta yanomami Morzaniel Iramari, e do documentário Samuel e a Luz, de Vinicius Gyrnis (SP).
Últimos competidores
Na última sessão competitiva, foi mantido o tom desta edição do festival, com a predominância de temas intimistas, de afeto. Este foi o caso também de O Dia que Te Conheci, em que o premiado diretor mineiro André Novais Oliveira desenvolve, mais uma vez, a crônica da vida de trabalhadores que moram nos arredores de Belo Horizonte.
Retratando de forma quase documental as atribulações de Zeca (Renato Novais), funcionário de uma biblioteca escolar lutando contra a depressão, o enredo contempla as atribulações de uma pessoa comum, urbana, que luta pela sobrevivência, depende de seu trabalho e está tendo dificuldades em mantê-lo. Aos poucos, abre-se
espaço na história para a participação de Luísa (Grace Passô).
Também funcionária da escola, na supervisão, ela se coloca na vida de Zeca num dia que foi particularmente desafiador, esboçando um relacionamento possível, cheio de um colorido sutil - como toda a obra do diretor, autor de Temporada e Ela Volta na Quinta.
Assim, cria-se condições para tratar de temas duros, como a dependência de remédios, sem resvalar na superficialidade, no moralismo nem na pieguice.
Numa atmosfera semelhante, o curta mineiro Lapso retrata a aproximação de dois adolescentes, Bel (Marina Soares) e Juliano (Kelly Maciel). Dividindo o mesmo espaço uma vez por semana numa biblioteca municipal, onde estão cumprindo uma medida socioeducativa depois de praticarem atos de vandalismo, eles descobrem maneiras de se comunicar - Bel é deficiente auditiva - e compartilhar um momento vital de transição.
Cabana, por sua vez, aborda, em três segmentos, o movimento da cabanagem (1835-1840) sob um viés simbólico, não-realista, que resgata um fio de memória sobre uma das revoltas populares do período do Império e que tem sido esquecida.
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