Será que o público do mundo inteiro, responsável pela bilheteria de mais de US$ 350 milhões do primeiro Casamento Grego (2002), estava realmente ansioso por uma continuação? Se estivesse, esperaria 14 anos para então ver Casamento Grego 2? Em todo o caso, Nia Vardalos está de volta, como roteirista e protagonista da sequência de um dos longas mais rentáveis da história do cinema até hoje (se levado em conta o quão pouco custou e o quanto lucrou).
A questão é que o primeiro filme, por mais que exagerasse nos clichês étnicos ou no humor que beira o rasteiro, encontrou os EUA num momento ainda delicado do pós-11 de Setembro. Assim, a celebração dos valores familiares, que o filme tão fortemente prega, falou direto ao público. Com o distanciamento de uma década e meia, é possível notar que de bom Casamento Grego tinha muito pouco. Nesses anos todos, Nia tentou diversas vezes reencontrar o sucesso. Fez comédias para cinema, e até uma série de televisão baseada nesse filme, e nada funcionou. Por isso, volta novamente a encarnar a personagem Toula Portokalos.
A protagonista está em crise porque sua filha, Paris (Elena Kampouris), está considerando ir para uma faculdade bem longe de Boston, evitando, assim, a mãe, o pai (John Corbett) e toda a família – que inclui avós, bisavó, tios, tias, primos etc – de cobrá-la de se casar com um rapaz grego, e rápido, apesar da pouca idade dela. “Você está desperdiçando seus óvulos”, dizem os parentes, sem qualquer sutileza.
Por outro lado, os pais de Toula (Michael Constantine e Lainie Kazan) precisam bem mais dela do que sua filha. Eles têm dificuldades para tudo – e, a bem da verdade, mesmo que não tivessem, estariam estorvando-a mesmo assim. Afinal, os Portokalos sempre fazem isso uns com os outros.
O “casamento grego” do título se dá quando o pai de Nia descobre que a certidão de matrimônio não foi assinada pelo padre da cidade de onde emigraram na Grécia. Então, a mãe – cansada do comportamento um tanto displicente do marido –, obriga-o a pedi-la em casamento e terem uma cerimônia de verdade.
Esse fiapo de trama que sustentaria o filme não encontra seu humor – repete as piadas étnicas do primeiro filme, apela para momentos rasteiros. Muito menos define algum drama, com personagens tão rasos e sem carisma. E, por mais que Nia abra seu grande sorriso, ela não é capaz de segurar em suas costas um filme inteiro sozinha. Nem Atlas conseguiria.