07/02/2025
Comédia

Um espião e meio

No ensino médio, Calvin era o aluno mais promissor. Robert, por sua vez, era gordinho e vítima de bullying. Quando os dois amigos se reencontram, anos depois, vão terminar juntando forças numa operação de espionagem.

post-ex_7
Ter Dwayne Johnson, o The Rock, no cartaz já é um aviso de que não se deve levar este filme a sério. Ainda assim, apesar da despretensão e assumida idiotice no comando da narrativa, a tensão da ação também dá o tom de Um Espião e Meio, que extrai humor também da diferença física entre o grandão e o baixinho Kevin Hart, seguindo a trilha de O Gordo e o Magro e, especialmente, da parceria entre Arnold Schwarzenegger e Danny DeVito em Irmãos Gêmeos (1988) e Júnior (1994).
 
Se a escolha parece mais do mesmo, há certa ousadia na inversão de papéis entre eles, ou melhor, no casting contra o tipo que ambos estão acostumados a fazer. Hart ainda tem sua irreverência típica nas falas dos momentos em que se sente perdido no meio de um caso de espionagem internacional, mas é o “cara racional” na pele de Calvin Joyner, o aluno mais promissor do colégio que se tornou um contador com uma carreira estagnada. Quando se marca um encontro de turma, Robert Weirdicht (Johnson), que foi vítima de bullying durante a escola por estar acima do peso, o procura.
 
Sob o codinome de Bob Stone, o atual agente precisa dos conhecimentos contábeis de Calvin para descobrir a identidade do chefe de uma organização criminosa. Porém, se agora o antes dito esquisitão está com a forma física já conhecida do The Rock, ainda mantém sua predileção por unicórnios, gosto por passos de dança e hip hop, paixão por Gatinhas e Gatões (1984) e admiração pelo amigo Joyner, chamado de “Foguete Dourado” na adolescência, que foi o único que o defendeu no ensino médio.
 
Esta fragilização positiva das figuras masculinas clássicas é o principal feito do filme de Rawson Marshall Thurber, diretor de Com a Bola Toda e Família do Bagulho, graças à química demonstrada pela dupla de atores, que confere certa verdade à amizade dos protagonistas neste legítimo bromance. O roteiro do cineasta, escrito em conjunto com o ator Ike Barinholtz e o produtor David Stassen, tem até êxito ao manter a dubiedade acerca de Bob, embora seja previsível, não atinja todo o seu potencial cômico e peça para o público esquecer a lógica. Os espectadores, por sua vez, serão surpreendidos por algumas participações especiais e, provavelmente, não acharão ruim a produção de uma sequência – algo possível depois das enormes bilheterias norte-americanas e no resto do mundo.
post