A parceria é improvável mas funciona. Tatá Werneck, conhecida por sua fala rápida, uma verdadeira metralhadora giratória (quase sempre, engraçada, quando dá para entender o que ela diz). Do outro lado, Cauã Reymond, consagrado galã na televisão, mas ousado no cinema que, a cada filme, se afasta desse rótulo (seu próximo longa é com Claudio Assis, Piedade). Aqui, seus personagens são obrigados a trabalhar juntos em uma investigação.
Werneck é Keyla, investigadora escolada e arrogante do Rio de Janeiro, que vai à pequena Joinlândia, onde todo mundo é feliz, para investigar um crime bizarro. O lugar nunca teve um assassinato e, por isso, seus policiais não estão preparados para o trabalho. Reymond é Claudio, um policial ingênuo e de bom coração que nunca deu um tiro na vida, e sonha em ocupar o lugar de seu falecido pai como delegado.
Dirigido por Marcus Baldini (Bruna Surfistinha), com roteiro de Leandro Muniz, o filme é, ao mesmo tempo, uma homenagem e uma sátira aos longas de duplas policiais americanos. A fórmula é juntar dois profissionais bem distintos – em seus modos de trabalhar, de viver–, e, ao fim, além de resolver o crime, terão aprendido lições um com o outro e se tornam uma dupla inseparável. O filme brasileiro brinca com essa ideia, mesmo usando-a como a estrutura para sua narrativa.
O crime bizarro é o ponto de partida de um serial killer que aterroriza a cidade pacata, onde todos são amigos desde sempre. A chegada de Keyla rompe esse paradigma, ao mostrar que nem todos são bonzinhos, como Claudio acredita.
Werneck se encontra no cinema aqui. Mesmo falando rápido – uma de suas marcas na comédia –, é possível entender tudo o que ela diz. E vale a pena, porque muito do que ela diz realmente é engraçado. Mas a surpresa aqui é Reymond, que, sem qualquer pudor, faz um sujeito que beira o parvo, mas de bom coração. O ator assume Claudio com carinho, sem transformar sua ingenuidade em motivo de chacota.