22/03/2025
Drama

Yomeddine - Em busca de um lar

Abandonado, ainda bebê, num leprosário, Beshay cresceu ali. Não conhece outro lugar, nem ninguém de fora. Junto com um menino órfão, apelidado de "Obama", ele vai empreender uma longa viagem ao sul do Egito, em busca da família que o deixou para trás.

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Egípcio de 32 anos, nascido no Cairo, filho de uma austríaca e formado em Cinema em Nova York, o cineasta A. B. Shawky delineia um mundo com total empatia pelos deserdados da sorte ao retratar no drama Yomeddine – Em busca de um lar a saga de um leproso curado, mas coberto das marcas da doença, Beshay (Rady Gamal), e um garoto órfão, apelidado de “Obama” (Ahmed Abdelhafiz), que ele coloca sob sua proteção. O núcleo da história está na viagem pelo Egito, empreendida pelos dois e um burrinho, rumo ao sul, onde Beshay sonha reencontrar a família que o abandonou, ainda na infância, num leprosário.
 
O enredo explora habilmente a ignorância e o preconceito que cercam a hanseníase – que, no Egito, especialmente nas áreas rurais, é vista não só como contagiosa como maldita, por causa de uma afirmação do profeta Maomé. Nisto e em tudo o mais, portanto, o filme não foge às fórmulas emotivas, evidenciando os sofrimentos tanto de Beshay quanto do menino nessa jornada cercada de incompreensão, crueldade e algumas soluções quase mágicas.
 
Enfim, se há qualidades no filme, elas decorrem de sua capacidade documental de captar a dureza das condições de vida de uma parte da população egípcia. Um bom momento é quando os dois personagens chegam à ruína de um monumento milenar, especulando se pode ou não ser uma das famosas pirâmides. Até certo ponto, pode-se relevar as fragilidades, porque se trata de um trabalho de principiante, inspirado, como tantos, no bom e velho Neorrealismo. Ainda assim, ter sido selecionado para a competição principal de Cannes em 2018 foi um pouco demais.
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