Já nos primeiros momentos do documentário Os quatro Paralamas, um de seus diretores, Roberto Berliner, deixa claro que se trata de um filme pessoal. Desde a primeira vez que viu a banda, no Circo Voador, em 1983, filma-os, na suas palavras, do jeito que pode. E desde, então, “uma coisa não mudou: eles fazem música, e eu e meus amigos fazemos filmes.” Com quase 40 anos de imagens de arquivo, o longa (codirigido por Paschoal Samora) é uma viagem no tempo, recuperando não apenas a história da banda, como a do país sob um ponto de vista.
Berliner, que é amigo dos membros da banda, já havia feito, em 2009, Herbert de Perto, sobre a obra e a vida do vocalista dos Paralamas. Agora, o foco se abre. Recuperar a história do grupo é dar chance a percepções de seus integrantes sobre sua própria história, conforme confessa o próprio Herbert Vianna: “Eu estava ouvindo nosso primeiro disco, de 1983, e percebo que a temática das canções vem mudando, vem ficando proporcional não à idade, à experiência, à passagem do tempo, e a tudo aquilo a que a gente foi exposto”.
Nesse mergulho no passado, vêm à tona fotos antigas, imagens desgastadas com som nem sempre perfeito, mas com uma potência da música dos Paralamas, seja com sua alegria ou crítica social. Porém, este também não deixa de ser um filme para fãs da banda. Rico em seu material de arquivo e entrevistas, o documentário nem sempre consegue romper essa limitação, mas, verdade seja dita nem é seu propósito.
Os diretores pretendem fazer, e fazem, uma celebração dos Paralamas do Sucesso, sua música e seu papel na história da cultura nacional. Embora Berliner não volte mais a narrar o longa, como no começo, é sempre bom lembrar que é um filme de memória afetiva, por isso, tais excessos podem ser até desculpados.