12/02/2025
Drama

Barry Lyndon

Redmond Barry é um irlandês pobre que, na Inglaterra do século XIX, ambiciona entrar para a nobreza. Ao encontrar uma jovem bela e casada com um nobre à beira da morte, o protagonista encontra sua chance de melhorar de vida.

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Realmente, é preciso ver Barry Lyndon na tela do cinema para atentar a todos os detalhes da composição das imagens, da fotografia e mesmo a trilha sonora, que inclui Handel, Schubert e Vivaldi. É preciso olhar o filme, também, sem qualquer tipo de reverência, uma atitude que em geral se evoca para produções de época como esta. Basta prestar a atenção ao meditado descompasso entre a narração em off e as cenas que se armam. A primeira é cínica, irônica, enquanto as imagens mais sérias, meditadas.
 
É nesse choque que se dá a ascensão e queda de Redmond Barry, jovem irlandês pobretão, cujo destino é muito ajudado pela sorte. Na primeira parte, vemos o personagem – interpretado por Ryan O’Neal – subir na vida sem muito esforço, sendo empurrado pelas forças do destino. Ele é um alpinista social por natureza, sem se dar conta disso. Sua escalada começa no exército, depois de deixar sua terra por matar um capitão inglês (Leonard Rossiter) num duelo por sua prima. E chega ao topo, quando conhece Lady Lyndon (Marisa Berenson), cujo marido, Sir Charles Lyndon (Frank Middlemass), está nas últimas e lhe deixará uma fortuna imensa, além de um filho pequeno. 
 
Essa primeira parte toma cerca de dois terços do filme – que tem 3 horas. Já há um indício de ironia aí. No segundo segmento, já casado com Lady Lyndon e adotando o seu nome, vemos a decadência de Barry. A queda costuma ser mais rápida do que a ascensão. O casal tem um filho, o que seria a garantia de um futuro financeiramente tranquilo para o pai, não fosse o ciúme do primogênito, Lord Bullingdon (Leon Vitali, que por muito tempo trabalhou como assistente de Kubrick, até a morte do diretor, em 1999). 
 

Kubrick – que assina o roteiro sozinho, adaptando o romance homônimo do século XIX, de William Makepeace Thackeray – compõe um estudo de personagem sobre a ambição e as forças do destino que nem sempre se casam com os desejos do protagonista. Os esforços de Barry para conseguir um título de nobreza são em vão – como tudo o mais na vida, como sustenta o letreiro final: “Foi no reinado de George III que os personagens citados viveram e duelaram; bons ou maus, bonitos ou feios, ricos ou pobres, são todos iguais agora”.

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