15 anos depois do filme inaugural, um sucesso nas telas que virou série, Ó Paí, Ó 2 está chegando. Seu protagonista, Roque (Lázaro Ramos), evidentemente mudou, o País mudou mas uma coisa continua a mesma: a vontade de fazer um filme negro, regional e popular que, com muita música, fala de questões urgentes.
Dirigido, nesta sequência, por Viviane Ferreira (Um dia com Jerusa), a história ganha mais um elemento de legitimidade, com uma diretora negra, que sintoniza a mesma essência comunitária do enredo original, só que aqui com um apelo ainda mais forte. Afinal, a comunidade do Pelourinho agora se mobiliza para salvar o bar de Neusão (Tânia Tôko), a mais recente vítima de uma tramoia da especulação imobiliária.
Mais velho e mais maduro, Roque se prepara para lançar sua primeira música, aproveitando o embalo da festa de Iemanjá, que movimenta como poucas a cidade de Salvador. Nessa jornada para apoiar Neusão, entram rostos conhecidos do primeiro filme, como Maria (Valdinéia Soriano), agora separada de Reginaldo (Érico Brás), ao lado dos filhos que cresceram, Michelangelo (Pedro Amorim) e Reginho (Thiago Marinho). Também crescidos estão o filho de Roque, Salvador (João Pedro), e Gisele (Ariele Pétala), a filha de Neusão e da travesti Yolanda (Lyu Arisson).
D. Joana (Luciana Souza), a beata evangélica dona da pensão, também está de volta, num registro mais dramático, fazendo terapia com um psicólogo (Luís Miranda) para superar a perda dos filhos. Uma terapia que faz essa personagem tão reprimida ir um pouco mais ao encontro de sua própria sensibilidade.
Como é de se esperar, todas essas trajetórias são costuradas com muita música, em filmagens no centro histórico de Salvador e no bairro do Rio Vermelho, e a participação de vários nomes da cena musical baiana: Russo Passapusso (Baiana System), Margareth Menezes, Tiganá Santana, Guiguio Shewell, Pierre Onassis, Nininha Problemática, Grupo Attoxxa e Alana Sarah.
Certamente, Ó Paí, Ó 2 não foge à sua identidade marcadamente baiana, e nem poderia, já que é essa mesma sua vocação. É um filme de colorido local, todo vibrante, todo próprio, que não aspira mais do que a falar com todo mundo que quiser ouvir. E dançar.