07/09/2024
Drama Crime

Quatro Irmãos

Numa Detroit gélida de violenta, quatro irmãos adotivos resolvem vingar a mãe que foi assassinada num assalto. Aos poucos, verdades sobre a origem deles e sobre a família vão sendo reveladas.

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Novas produções de diretores com filmografias irregulares são sempre aguardadas com certa apreensão. São cineastas com uma incontestável competência técnica, mas que derrapam na condução da narrativa - imprecisa e invariável – ou na escolha de um roteiro mais consistente.

Um dos que encabeçam essa lista é o americano John Singleton, responsável pelo excelente Donos da Rua (1991) – seu grande êxito, diga-se -, mas que nos últimos tempos se dedicou a fracassadas produções de ação: o besteirol Mais Velozes e Mais Furiosos (2003) e o cansativo Shaft (2000). Essas últimas o distanciaram dos dramas étnicos que o tornaram conhecido pela crítica e pelo público.

Felizmente, Quatro Irmãos traz uma boa notícia ao mostrar uma significativa evolução do trabalho de Singleton. Ele consegue conciliar ambos os gêneros com os quais tem trabalhado mesclando, com moderado talento, ação com conteúdo social. Muito embora, também seja constante o absurdo e aquele humor involuntário que floresce nas cenas mais dramáticas.

O filme se passa em uma decrépita e violenta Detroit, uma terra sem lei, ordem ou qualquer tipo de convenção pela segurança pública. Exceto claro pela dedicada assistente social Evelyn Mercer (Fionnula Flanagan). No entanto, logo nas primeiras cenas, a caridosa senhora é assassinada durante um assalto a uma pequena loja de conveniência.

Para seu funeral, se reúnem os quatro filhos adotivos de Evelyn, cujo amor pela mulher que chamam de mãe faz nascer entre eles um sentimento de revolta pela inépcia policial para resolver o caso. Assim, decidem que eles têm condições suficientes para empreender uma verdadeira caça aos assassinos. O grande problema é que não se trata de um assassinato acidental, mas de uma complexa trama que torna todos suspeitos em potencial.

Toda a história é baseada no filme Os Filhos de Katie Elder, estrelado por John Wayne e dirigido por Henry Hathaway. Embora adaptado e modernizado, o roteiro mantém o constante clima de western, cujos elementos Singleton bebe para dar agilidade ao filme. Extrai tanto, aliás, que exagera ao inserir torpes posturas heróicas e a velha situação dos heróis nunca serem atingidos pelos tiros inimigos. Quando acontece é apenas para enviesar a situação para um caminho artificialmente dramático, que não convence.

No final das contas, são as cenas de ação que salvam o filme. Empolgam mais que o elenco (liderado pelo ator Mark Whalberg), apesar da participação dos cantores negros Tyrese Gibson e André Benjamim (conhecido como André 3000, da bem sucedida dupla Outkast), que têm se saído muito bem em suas carreiras cinematográficas. Nesse sentido, o filme não resiste a uma análise um pouco mais profunda, tornando–se mais um passatempo policial.

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