Diferente do Balão, este curta se passa longe do ambiente urbano, com apurado registro documental em algumas cenas – como numa briga entre dois cavalos, que hoje em dia seria praticamente impensável no cinema com tanto ecopoliciamento existente por aí. O mais interessante é que o diretor consegue encontrar uma viés poético para explorar o real, o documental.
O Cavalo Branco, como o outro curta, explora as dores e alegrias do rito de passagem para a vida adulta – quando a criança deve abrir mão de algumas coisas de seu universo para entrar em outro. Por isso, o filme é tão atemporal e universal. O desejo de liberdade, tanto do cavalo, quando do jovem pescador, também encontra diálogo com público de qualquer idade.
Os curtas de Lamorisse funcionam como fábulas modernas, nas quais o real e o imaginário convergem em poesia narrativa e visual. As imagens finais de O Cavalo Branco e O Balão Vermelho, ao mesmo tempo que evocam poesia, são melancólicas – um anúncio de que a vida adulta talvez não comporte o mesmo universo lúdico da infância.
