Caça aos gângsteres, de Ruben Fleischer, aposta numa bela direção de arte e num elenco recheado de bons atores, como Sean Penn ou Ryan Gosling, para, afinal, esbarrar numa série de clichês que impedem a história de decolar. Fleischer, cujo talento foi muito mais bem usado na comédia “Zumbilândia”, não ultrapassa o pastiche de filmes melhores do gênero policial.
Os clichês do gênero estão todos lá: gângster malvado (Penn), detetive durão (Josh Brolin), detetive Don Juan (Gosling) que seduzirá a femme fatale de bom coração (Emma Stone), na Los Angeles do final dos anos de 1940. Não há uma ideia original a quilômetros de distância no roteiro assinado por Will Beall, baseado num romance de Paul Lieberman. Esse é o típico filme que Hollywood costuma desovar – tal qual os cadáveres desse longa – no começo do ano, pouco antes do Oscar, oferecendo um plano B aos espectadores que não conseguem ingressos para os filmes indicados e decidem ver outra coisa para não perder a viagem.
A trama gira em torno da ascensão do esquadrão do departamento de polícia de Los Angeles e seu combate contra o mafioso mais poderoso da cidade, Mickey Cohen (Penn). Liderada por John O'Mara (Brolin), a luta não é fácil – especialmente se voltarem à memória bons filmes bem melhores, como os recentes Los Angeles – Cidade Proibida e Inimigos Públicos; ou clássicos do gênero, como Chinatown e Os Intocáveis.
Cansado dos artifícios de Mickey, o esquadrão declara guerra, e as ruas da cidade são tomadas por tiros e sangue. A partir desse confronto, não se consegue mais fugir do esquematismo dos tiroteios promovidos alternadamente por cada lado da lei.
Os personagens, o tema e a própria trama nas mãos de escritores competentes do gênero – como Raymond Chandler ou James Ellroy – teriam um outro ritmo, uma outra abordagem. Mas, nesta versão, o resultado mais parece um baile a fantasia.