O promotor John Reid volta para casa, depois de anos distante, por conta de sua amada, Rebecca, ter se casado com seu irmão, Dan, um Texas Ranger. John junta-se ao irmão e outros valentes na captura de um malfeitor condenado, Butch Cavendish, que fugiu. Muita coisa dá errado nessa expedição e o caminho de John cruza-se com o do índio Tonto - espírito guerreiro, mas também chegado a uma confusão.
- Por Alysson Oliveira
- 07/07/2013
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Mais uma vez, Johnny Depp salva o dia. Como em Piratas do Caribe (qualquer um da franquia), o ator torna-se a razão de ser de “O Cavaleiro Solitário”, que, embora uma aventura bem intencionada, tem pouco mais do que oferecer o carisma e bom humor de Depp e infindáveis cenas de perseguição. Baseado no famoso personagem criado por George Washington Trendle, cujo aparecimento data da década de 1930, no rádio, o longa conta as origens dessa figura, que aqui é interpretado por Armie Hammer (Espelho, espelho meu). O longa estreia em cópias legendadas e dubladas.
Diretor dos três primeiros Piratas do Caribe, Gore Verbinski assume a franquia em potencial, apresentando o Cavaleiro Solitário (Armie Hammer), rapaz formado em direito que é obrigado a deixar os bons modos e a oratória de lado, ao descobrir uma conspiração criminosa por trás da construção de ferrovias, da exploração da prata e contra os nativos americanos.
A trama é emoldurada pelo personagem de Depp, um índio chamado Tonto, que está empalhado em exposição num museu em San Francisco, na década de 1930. Já envelhecido, ele ganha vida e começa a contar a um garotinho a história do Cavaleiro.
Portando uma máscara negra, o Cavaleiro Solitário é facilmente confundido com Zorro – tanto que no Brasil, por um tempo levou esse nome – mas é um tanto diferente. Ele é um Ranger, uma espécie de xerife do Texas, que jura vingar a morte do irmão (James Badge Dale) e descobre uma conspiração por trás de seu assassinato. No fundo, trata-se da história da transformação de um rapaz, que, originalmente se chama John, num homem feito, ao deixar de lado seus conhecimentos apenas acadêmicos e enfrentar o mundo real. Nada mais do que um filme sobre os bons e velhos ritos de passagem.
Tonto, por outro lado, é um personagem mais complexo devido às implicações morais que recaem sobre ele. Supostamente um traidor de sua tribo, ele se torna o escudeiro improvável de John – ao mesmo tempo que tenta provar sua inocência. Ele transita entre o estereótipo do Bom Selvagem e um nativo que tenta afirmar a sua identidade num momento em que está sufocada, e seu povo sendo satanizado e dizimado. Os toques de humor ajudam, mas em momento algum escondem a real natureza do personagem, no fundo, um rebelde lutando por sua causa.
A ação custa um pouco a decolar, no começo, mas quando isso acontece, desenrola-se uma aventura tecnicamente muito bem-feita, às vezes meio rocambolesca, sem que isso se torne propriamente um problema. Pois o objetivo aqui são as cenas de perseguição, a correria e, claro, a sensacional trilha sonora com trechos da ópera “Guilherme Tell”, de Rossini, a música-tema do seriado da televisão.
Depp é engraçado, mas também sabe exatamente do que está falando. Armie, por sua vez, tem o charme o carisma de que o personagem necessita. Um pequeno porém está na duração. É como se fossem dois filmes em um: as origens do Cavaleiro Solitário mais uma primeira aventura. Explica-se de onde ele vem e porque luta, mas só não se explica porque ainda é chamado de solitário se tem Tonto como companheiro.