Ficção científica "Gravidade", com George Clooney, abre Festival de Veneza
Em sua primeira missão espacial, para consertar um telescópio de uma estação espacial, a médica Ryan Stone enfrenta situação de alto risco, ao lado do astronauta veterano Matt Kowalsky. Depois de uma explosão e tempestade de fragmentos, seus equipamentos são danificados. Agora, eles precisam controlar o oxigênio disponível e encontrar rapidamente uma nave segura para voltar à Terra.
- Por Neusa Barbosa
- 09/10/2013
- Tempo de leitura 2 minutos
Gravidade, ficção científica do mexicano Alfonso Cuarón, aposta muito na verossimilhança. Por isso, causa genuína vertigem a situação crítica dos astronautas vividos por George Clooney e Sandra Bullock, perdidos no espaço e à procura de uma nave com as mínimas condições de trazê-los de volta à Terra, numa angustiante corrida contra o tempo e a falta de oxigênio. A procura desse realismo, assim, justifica o investimento no 3D.
Se o roteiro, assinado pelo próprio diretor e seu filho, Jonás Cuarón, enfileira incidentes capazes de manter os astronautas ocupados, como explosões espaciais e tempestades de fragmentos, não se esquece de humanizá-los o bastante para afligir o espectador com o constante perigo de vida que correm. Nesse sentido, justifica o suspense, que é bem sustentado ao longo da trama.
É evidente, desde a primeira imagem, que Cuarón teve a ambição de inscrever Gravidade na galeria nobre dos melhores filmes sobre o espaço, em que já garantiram seu lugar clássicos como 2001- Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick,e Solaris, de Andrei Tarkovsky – até agora insuperados até por uma ambição filosófica de repensar o lugar do homem no cosmos -, bem como filmes populares como Alien - O Oitavo Passageiro, de Ridley Scott, Apolo 13 - Do Desastre ao Triunfo, de Ron Howard,e mesmo a animação Wall-E, de Andrew Stanton.
O diretor realiza essa vontade de inovar a partir de uma concepção do cenário extremamente claustrofóbica, enfatizando os elementos da escuridão e do silêncio totais que caracterizam esse grande universo em que homens se aventuram com suas pequenas naves e estações espaciais, mínimos diante da imensidão à sua volta como grãos de poeira.
Ainda assim, é curioso que o filme começa justamente por definir a oposição entre a controlada oficial médica Ryan Stone (Sandra Bullock), em sua primeira missão espacial, e o bem-humorado veterano astronauta-chefe, Matt Kowalsky (George Clooney), tal como acontece em qualquer filme policial de dupla de parceiros.
Talvez uma ênfase excessiva seja colocada na história familiar da dra. Ryan, que apenas força um pouco mais as emoções à flor da pele pela fragilidade de sua situação como novata. Ainda que fosse veterana como Matt, o perigo não diminuiria. Trata-se de um recurso apenas para despertar maior simpatia, especialmente por uma escolha da história, que não se revelará aqui, em relação ao personagem masculino. Uma escolha errada, aliás. O filme deveria ter aproveitado mais e melhor a presença de Clooney.
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