12/09/2024
Suspense Espionagem

November Man - Um Espião Nunca Morre

Devereaux é um espião aposentado da CIA que é obrigado a voltar ao trabalho para proteger uma amiga, que conhece perigosas informações sobre um general que agora é candidato à presidência da Rússia. Mas, ao fazê-lo, o agente se torna ele mesmo caçado por um antigo pupilo.

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Mais do que ao mês de sua estreia, November Man – Um Espião Nunca Morre (2014), de Roger Donaldson, deve seu título não só à série de romances em que se inspira - November Man, de Bill Granger – além de aproveitar, como marketing, uma alusão ao icônico espião da franquia 007, que já foi interpretado por seu protagonista, o irlandês Pierce Brosnan.
 
Brosnan, que encarnou o agente secreto do MI-6 James Bond, entre a década de 1990 e o início dos anos 2000, agora interpreta o espião da CIA Peter Devereaux. O prólogo apresenta-o em sua última missão, quando uma ação precipitada de seu pupilo, David Mason (o australiano Luke Bracey, nos cinemas brasileiros também no açucarado O Melhor de Mim), vitima uma criança. No entanto, cinco anos depois, a iminência de que uma antiga protegida – que logo se revela bem mais do que isso –, a infiltrada Natalia (Mediha Musliovic), está em perigo por possuir informações relevantes sobre o passado criminoso do candidato à presidência da Rússia, Arkady Federov (Lazar Ristovski), o faz voltar à ativa.
 
Ao tentar descobrir a chave do segredo que Natalia trabalhou tanto para obter, Devereaux vai atrás da assistente social Alice Fournier (curiosamente, a bond girl Olga Kurylenko, de 007 – Quantum of Solace, de 2008). Ele procura saber o paradeiro da refugiada Mira Filipova que, quando garota (Nina Mrdja), esteve sob a “proteção” de Federov e conhece todo o perigoso jogo político orquestrado pelo então general e outras autoridades. Só que, ao proteger esta bela mulher de uma assassina russa (Amila Terzimehic), ele passa a ser caçado pela CIA e quem fica na sua cola é justamente David.
 
Só com uma breve sinopse já é possível perceber como a trama apresentada por Donaldson, que já dirigiu Brosnan no catastrófico O Inferno de Dante (1997), reduz a política internacional, as guerras regionais e a espionagem a meras ações concentradas e facilmente operadas por essas poucas personagens apresentadas na produção. Um exemplo é como os roteiristas Michael Finch – Predadores (2010) – e Karl Gajdusek – Reféns (2011) e Oblivion (2013) – colocam como o simples desejo de um homem para alcançar mais poder bastou para causar a Segunda Guerra na Chechênia.
 
Além disso, o roteiro é repleto de clichês do gênero – uma das poucas exceções seria colocar a figura do assassino de elite como uma mulher que faz alongamentos antes de sair para matar inocentes –, presente desde o cerne da história, tentando retomar os tempos da Guerra Fria. Por mais que algumas decisões recentes do presidente russo Vladimir Putin lembrem este período, é cansativa a repetição hollywoodiana em evocar tal época. E mesmo que o filme tente apontar que tanto russos quanto norte-americanos são capazes de tudo e podem até se unir para obterem o que desejam, no final, quem “salva o mundo”?
 
O esforço, charme e carisma de Pierce Brosnan tornam esta corrida de gato e rato entre mestre e aprendiz, conduzida por Roger – que alterna bons trabalhos, como Efeito Dominó (2008), e maus resultados, a exemplo de O Pacto (2011) –, pelo menos, atraente ao grande público, apesar de disparates, como a forçada conversa dos dois no celular em plena perseguição ou a estranha cena de ameaça a uma jovem garota – que poderia indicar uma interessante virada no protagonista, tornando-o mais ambíguo; mas não é o que acontece.
No fim, apesar da falta de inspiração, November Man até entretém o espectador mas, com certeza, não despertará nele nenhum desejo, nem por causa da história, muito menos pelos personagens, de aguardar uma sequência para o longa, como a que já está prevista.
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