Marguerite & Julien – um amor proibido, da diretora Valérie Donzelli, retoma uma velha ideia dos anos 1970, um roteiro original de Jean Grualt previsto para François Truffaut filmar. O fato é que nada deu certo aqui. O roteiro de Gruault, aliás, foi publicado recentemente na França.
O ponto de partida original é a história, supostamente real, de dois irmãos incestuosos do século 17, filmada com um aceno aos contos de fada, com algumas licenças modernas que, afinal, não se justificam: um helicóptero, um automóvel, um rádio e outros objetos de uma época diferente do filme (que é indefinida, mas visivelmente antiga, com direito a castelo e figurinos de outros séculos).
Marguerite (Anaïs Demoustier) e Julien (Jérémie Elkaim, tremendo canastrão) são os irmãos apaixonados desde a infância, tragicamente destinados a um final infeliz, mas desafiando todos os tabus, a família, a Igreja Católica, o rei, a justiça, para viver essa paixão. Nunca se saberá o que Truffaut teria feito com um tema tão difícil, mas que já rendeu grandes filmes, como La Luna, de Bernardo Bertolucci e Um sopro no coração, de Louis Malle, para ficar por aí.
Valérie Donzelli, atriz e diretora do elogiado drama A Guerra está declarada (2011), claramente, não deu conta de criar nada minimamente à altura disso. Mais uma vez, a pergunta foi inevitável: por que este filme foi selecionado na competição principal de Cannes (em 2015)? Só muita patriotada explica.