Uma narrativa fabular conduz Rio Cigano, filme de estreia da premiada curta-metragista Julia Zakia (Tarabatara, O Chapéu do meu avô). No centro da história, numa comunidade cigana, a amizade de duas meninas, Reka (Ciça Ferraz) e Kaia (Sielma Ferraz), que são brutalmente separadas na infância.
O grupo cigano desloca-se em suas carroças quando cai a noite. Ganha a permissão de pernoitar numa fazenda, pelo proprietário Ivan (Jerry Gilli). Mas o fato incomoda sua mulher, a condessa (Georgette Fadel), uma bruxa obcecada por manter-se jovem que recorre a rituais de sangue. Diante da fúria da mulher, o marido manda seus empregados expulsarem os ciganos, que fogem às pressas, deixando, sem saber, Reka para trás, escondida na mata.
A menina é encontrada pela condessa e transformada em adulta, tomada seu serviço. Com a transformação, Reka (agora, Julia Zakia) perdeu também a maior parte de sua memória, embora lampejos ainda a atormentem, como sonhos.
Sem meios para recuperar a menina, a comunidade cigana segue em frente, sem esquecê-la. Especialmente Kaia, sua melhor amiga, obcecada em reencontrá-la um dia.
De tessitura extremamente simples, mas focada, o filme tem como pontos fortes o resgate de uma cultura pouco conhecida no Brasil e na fotografia de Adrian Cooper.