O título original do filme – que seria traduzido como “A Gangue de Picasso” – faz um trocadilho sagaz, algo que nem sempre encontra ressonância no longa de Fernando Colomo. A primeira referência é a um grupo de artistas que se reuniram ao redor do pintor espanhol em Paris, no início do século XX, para chacoalhar os alicerces da arte. A outra interpretação se refere mesmo, de forma cômica, a algo criminoso.
O conjunto é formado por Picasso (Ignacio Mateos), Guillaume Apollinaire (Pierre Benezit), Max Jacob (Lionel Abelanski) e Manolo Hugue (Jordi Vilches), além da musa do espanhol, Fernande (Raphaelle Agogue). E Colomo, que também assina o roteiro, parece interessado em apenas ilustrar fatos históricos conhecidos, deixando de lado um pouco de liberdade e fantasia que o tema poderia render.
Como na história real Picasso não teve um papel central, aqui também não, sendo mostrado como um oportunista capaz de fazer qualquer coisa para alcançar seus objetivos. Com esse retrato superficial e caricato do pintor, a estrela do filme é o escritor francês Apollinaire, o personagem mais complexo e interessante. Outras figuras da época também fazem participações – como é o caso da escritora americana auto-exilada Gertrude Stein (Cristina Toma) e sua amante, Alice B. Toklas (Eszter Tompa).
O que há de melhor em Picasso e o roubo da Mona Lisa é o visual. A direção de fotografia é assinada por José Luis Alcaine – que trabalhou com Pedro Almodóvar em filmes como Volver e Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos. A imagem parece um tanto surreal e onírica, evocando os anos loucos de boemia da Paris que era uma festa.