Desempregado, o jovem Ki-woo é indicado por um amigo para ser professor particular da adolescente da casa. A seguir, dá um jeito para que sua irmã se torne professora de desenho do garotinho da família - escondendo dos patrões seu parentesco. Na sequência, seus pais manobram para tomar os lugares do motorista e da governanta, sem que os Park saibam que são todos parentes.
- Por Neusa Barbosa
- 04/07/2019
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O cinema sul-coreano, que sempre impressiona Cannes - em 2018, Em Chamas, de Lee Chang-dong, levou prêmio da Fipresci, mas poderia muito bem ter arrebatado a Palma de Ouro - em 2019 rendeu merecidamente a Palma de Ouro ao veterano Bong Joon-Ho e seu impactante Parasita, que acabou fazendo história vencendo 4 Oscars (filme, filme internacional, direção e roteiro original), feito inédito na história da Academia de Hollywood.
Também é o tipo de filme sobre o qual dar spoilers é um crime hediondo. O diretor, conhecido no Brasil por O Hospedeiro e Expresso do Amanhã, é muito seguro na condução de um clima de suspense quando coloca os quatro membros de uma família pobre, desempregada, um a um conseguindo adentrar a casa de uma família rica, os Park. Tudo começa quando o jovem Ki-woo (Woo sik-Choi) torna-se professor particular de inglês da adolescente da casa (Jung Ziso). Logo a seguir, acha uma brecha para que sua irmã (So-dam Park) se torne professora de desenho do garotinho da família (Jung Hyeon-jun) - escondendo dos patrões seu parentesco. Na sequência, seus pais (Kang-ho Song e Hyae Jin Chang) também manobram para tomar os lugares do motorista e da governanta, sem que os Park saibam que são todos parentes.
Há um perverso senso de humor negro nestas maquinações da família pobre, que mora num cortiço, um ambiente que contrasta absurdamente com a ampla e elegante residência dos Park, que foi projetada por um arquiteto. O abismo social e a luta de classes vão assumindo caminhos imprevisíveis, num filme que sonda a emergência econômica e as vilanias humanas em tempos críticos.
Parasita tem um ritmo avassalador, que deixa o espectador inquieto, pensando - afinal, como tudo isto vai acabar? O filme é uma pancada. Uma não, várias, a ponto de deixar seu público atordoado, mas com muita condição de ficar feliz com a criatividade das múltiplas camadas e direções que o filme leva sua imaginação a tomar.
Na 43a. Mostra de Internacional de Cinema, Parasita foi escolhido como o melhor filme para o público.