Um delicado retrato da adolescência emerge deste primeiro longa do diretor holandês Steven Wouterlood, que recebeu Menção Especial no Festival de Berlim 2019 - onde competiu na mostra Generation Kplus - e venceu outros festivais internacionais, como o de Filmes Infantis de Chicago.
O roteiro inspira-se num livro de Anna Woltz. O protagonista é Sam (Soony Coops van Utteren), de 12 anos, o caçula de uma família, que vive obcecado pela ideia de, por ser o mais novo, ser provavelmente o último a morrer. Portanto, ele imagina que vai ficar sozinho no mundo. Por conta disso, diariamente ele se entrega a “exercícios de solidão”, treinando para esse futuro em que seus próximos não estarão mais ali.
De férias na praia, numa ilha, com os pais e um irascível irmão maior (Julian Ras), Sam conhece uma garota de sua idade, Tess (Josephine Arendsen), que vive sozinha com a mãe (Jennifer Hoffman). Ela é, em tudo, o oposto dele, desinibida, cheia de ideias. E também ansiosa para descobrir quem é realmente seu pai. Segundo o que ela investigou, ele seria um certo Hugo Faber que, através da internet, ela tramou secretamente para trazê-lo à ilha.
Toda essa tramoia tem alguma cumplicidade de Sam e desencadeia uma série de incidentes mais ou menos engraçados, sem que nunca se deixe de lado o quanto esta história é importante para Tess. O ponto de vista aqui é decididamente o destes adolescentes, que são instáveis, contraditórios mas bastante sensíveis, suscitando a empatia dos espectadores adultos que, finalmente, podem lembrar-se de como eram na mesma idade.