21/05/2025
Espionagem Ação

007 – Sem Tempo Para Morrer

Desfrutando de sua aposentadoria numa bela casinha de praia da Jamaica, o ex-007 James Bond é procurado para voltar à ativa depois que uma poderosa arma química, a Heracles, cai nas mãos de inescrupulosos bandidos.

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Vivendo James Bond desde 2006 (Cassino Royale), o ator Daniel Craig protagoniza uma despedida em grande estilo em 007 - Sem Tempo para Morrer. Grande também na duração - são 163 minutos, alegadamente o mais longo filme da franquia do agente a serviço de Sua Majestade.
 
A vantagem é que o diretor Cary Fukunaga aproveita bem todo esse tempo para compor sequências de ação, humor, honra e romance memoráveis, de modo a marcar a derradeira encarnação de Craig de maneira indelével - quem sabe até deixando saudades.
 
A história começa com Bond desfrutando de uma merecida aposentadoria, numa casinha bucólica na Jamaica e vivendo um romance com a francesinha Madeleine Swann (Léa Seydoux). Mas os planos de viver este grande amor na paz são abalados de cara, na primeira viagem romântica dos dois, na belíssima Matera, na Itália. Ali, Bond planejou despedir-se da ex-amada, Vesper Lynch (Eva Green). Mas a visita a seu túmulo dá o início a mais uma eletrizante perseguição, pelas ladeiras e ruas estreitas e cheias de degraus da cidade da Basilicata, com direito a carros e motos literalmente voando. 
 
Todo esse pega envenena o relacionamento de Bond, que se acredita traído por Madeleine - cuja história pregressa vimos na primeira sequência do filme. Este é um homem, por profissão, acostumado a não confiar em ninguém. De novo, ele mergulha na solidão de seu paradisíaco refúgio jamaicano. Mas não permanecerá sozinho e sem trabalho por muito tempo.
 
Sem querer dar spoiler, o que seria quase um crime, há muito o que esperar desta história, que tem como fio condutor a luta pelo domínio de uma poderosíssima arma bacteriológica, a Heracles. 
 
Se o vilão Blofeld (Christoph Waltz), mesmo na prisão, apronta das suas, há outro vilão dando as caras - Lyutsifer Safin (Rami Malek), último sobrevivente de uma família de renitentes envenenadores que herdou o pendor para o ramo, só que atualizando suas técnicas num século em que o manejo do DNA está ao alcance e com potencial destruidor incalculável. 
 
Se há uma falha nesta produção é que o vilão Safin, em sua caracterização e interpretação, não é páreo nem para Bond, nem para a nova agente Nomi (Lashana Lynch) que - ATENÇÃO SPOILER - está herdando seu posto e seu número. Safin poderia ter sido dotado com uma psicologia um pouquinho mais elaborada para encarnar um perverso com mais nuances. Em compensação, Nomi e outra nova agente, Paloma (Ana de Armas) - que faz uma saborosa participação numa sequência em Cuba -, são charmosas, valentes, eficientes e contam com diálogos tão afiados quanto sua pontaria.
 
A presença feminina também é enriquecida com a personagem de Madeleine, que tem uma densidade com que nenhuma das antigas “Bond girls” pôde contar. Ela é uma mulher de carne e osso, com uma história familiar traumática e elementos dúbios em sua vida, o que confere à sua participação a possibilidade de injetar maior complexidade emocional dentro das inúmeras aventuras que movem a história - como as boas sequências de ação numa festa em Cuba e também na base abandonada que é o cenário da parte final.
 
Nenhuma história Bond é completa sem o envolvimento do primeiro time do MI16 - como o ambíguo M (Ralph Fiennes), o indispensável Q (Ben Wishaw) e a fiel Moneypenny (Naomie Harris). Mas todos eles estão a serviço do brilho de Bond em sua derradeira missão, que envolve muito auto-sacrifício. Muitas emoções esperam os fãs da série e de Craig - e até os não-fãs também. 
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