Em 1518, Estrasburgo viveu aquilo que ficou conhecido como a Epidemia de Dança, um caso de histeria coletiva em que centenas de pessoas dançavam nas ruas sem parar, alucinadamente, e a maioria, caiu morta. Jonathan Glazer parte desse episódio medieval para fazer um curta sobre nosso presente de epidemia e isolamento. Em sua casa, uma dançarina começa a se mover de maneira quase caótica, mas existe um método em seu caos. “Todas as manhãs, quando acordo, por dez segundos, sou livre”, diz ela.
Seu comportamento se espalha pelo mundo, e outras pessoas, presas em seus cômodos, também se movem. O resultado é um curta altamente sensorial e hipnótico sobre a incompreensão e o desespero do estado de solidão do presente. Dançar, aqui, é uma forma de se libertar? São os 10 segundos de liberdade? A trilha sonora de Mika Levi – colaboradora regular de Glazer – guia, mais do que o movimento, a montagem, assinada por Paul Watts, dando um sentido hipnótico ao que está na tela, assim como a fotografia de Darius Khondji converge a palidez da solidão e do isolamento.