No no sleep é mais um exemplar clássico do cinema do malaio Tsai Ming-Ling. É mais um daqueles que se convencionou a chamar de “slow cinema”, mas que por debaixo do verniz de narrativa (quando há) lenta, existe uma pulsão forte sobre o mundo e o que é ser humano no presente. Parte da série Walker, o filme é uma meditação sobre o tempo e o movimento, trabalhando com a dicotomia entre a rapidez de uma grande cidade e a imobilidade da meditação.
A fotografia, assinada por Jhong Yuan Chang e Pen-Jung Liao, transita entre a sobriedade do isolamento meditativo, as luzes estouradas e o brilho sedutor de uma grande cidade. Nesses dois extremos, Tsai cria narrativas dentro dos quadros com uma câmera que nunca se move. A ausência de diálogos também contribui para o tom do curta, em sua indagação sobre a percepção do tempo e do espaço.
Ao contrário dos outros curtas da série, o Monge aqui não tem um papel tão proeminente. Ele aparece logo nas primeiras cenas, numa passarela, ao lado de uma estação de metrô, e seus passos lentos, quase inexistentes, são um contrate com a rápida movimentação dos trens. Num mundo onde tudo está numa hipervelocidade, negar-se a compactuar com isso e aceitar para si o seu próprio ritmo, o tempo de cada um é um ato de rebeldia.