21/05/2024
Drama

Mulher Oceano

Hannah é uma escritora brasileira que viaja para Tóquio, onde vive uma crise pessoal e tenta escrever um romance. Ana é uma funcionária de escritório que treina arduamente para realizar uma grande prova de natação no mar aberto, no Rio de Janeiro. A identidade destas duas mulheres está profundamente interligada.

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Atriz de refinada expressão no cinema e no teatro, Djin Sganzerla estreia na direção com este longa em que ela interpreta dois papeis, a escritora Hannah e a nadadora Ana. Como em A Dupla Vida de Véronique, de Krysztof Kieslowski, a ideia de um duplo embasa a narrativa sobre duas mulheres quase idênticas, que vivem em dois lugares diferentes do mundo, no caso, Tóquio e o Rio de Janeiro, num roteiro assinado por Djin e Vana Medeiros.
 
A duplicidade desta mulher ganha um encadeamento, já que Hannah é uma escritora, vivendo temporariamente em Tóquio, e Ana, a personagem que passa a habitar as páginas do romance que ela escreve.
 
Há várias camadas desdobrando-se neste filme muito orgânico em seus processos, em que as duas personagens relacionam-se intimamente com duas geografias muito diferentes – a alta tecnologia e ambiência clean de Tóquio, a vitalidade colorida e desordenada do Rio, pontuada sempre por um grande mar, que é essencial a uma parte fundamental da história de Ana.
 
É singular como a diretora aproxima a identidade de duas cidades tão distintas através de personagens e rituais tão tipicamente pertencentes a cada uma delas. No caso japonês, as “amas”, as tradicionais pescadoras de mariscos, capazes de mergulhar a vários metros de profundidade em mar aberto, contando apenas com um fôlego desenvolvido ao longo de décadas. No caso do Rio, os rituais de Iemanjá, unindo as pontas do sagrado com a essencial vitalidade de um filme que desperta a beleza e a sensibilidade na pele.

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