Durante a Guerra dos Cem Anos, o jovem rei inglês Henrique V, com seu exército, parte para a França para reivindicar a coroa. Diante de um exército inimigo muitas vezes maior do que o seu, o jovem rei conta com sua própria energia para inspirar seus soldados à vitória. Baseado na peça homônima de William Shakespeare.
- Por Alysson Oliveira
- 24/05/2021
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Quando, em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, a Inglaterra passava por um dos momentos mais sombrios de sua história, o governo encomendou ao diretor e ator Laurence Olivier um filme que elevasse o moral do país. Henrique V, de Shakespeare, era a peça ideal para isso, trazendo a história de um rei que tenta invadir a França, mas enfrenta inúmeras dificuldades. Porém, a Batalha de Azincourt marca uma virada, graças à sagacidade dos ingleses diante de tropas em número muito superior.
Em seu primeiro trabalho como diretor, Olivier tentou, de certa forma, reinventar a peça, ao assumir o filme como uma adaptação teatral, tanto que a primeira cena se passa no Globe Theater, com uma montagem da própria Henrique V, em 1600 (ano em que, supostamente, ocorreu a primeira encenação do texto).Porém, assim que a narrativa avança, a câmera se abre, mostrando um espaço infinito, e marcando uma transição do teatro para o cinema. Tal estratégia, hoje, pode soar como óbvia, mas, na época era inventiva, aliada aos cenários pintados que servem como fundo de batalhas grandiosas.
É uma tentativa bem-sucedida do diretor de dessacralizar Shakespeare, baixando o tom solene e tornando-o mais acessível a um público maior – o momento histórico, acima de tudo, pedia isso. O roteiro, assinado por Olivier (com Alan Dent, creditado como editor de texto), se atém aos momentos mais importantes da peça, com destaque para o famoso discurso do Dia de São Crispim na Batalha de Azincourt, em 25 de outubro de 1415, com as famosas frases “happy few”, e “band of brothers”, exaltando os soldados.
Com suas mais de 2 horas, Henrique V é, ao mesmo tempo, um épico cinematográfico e um esforço nacional. Pode não ser a maior adaptação de Shakespeare (nem do seu período, nem vendo-o hoje, em perspectiva), mas não deixa de ser impressionante que tenha sido feito um longa dessa proporção naquele momento. É também uma prova da capacidade do bardo de se comunicar com o público, não importa quando.