08/09/2024
Série documental

As Protagonistas - episódio 10

Apesar da súbita extinção da Embrafilme, em 1990, o cinema brasileiro renasceu das cinzas na década, marcada pelo aparecimento de toda uma geração de jovens diretoras, como Laís Bodanzky, Tata Amaral e a pioneira da Retomada, a também atriz Carla Camuratti.

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A década de 1990 começou bem mal para o cinema brasileiro. A extinção súbita da Embrafilme pelo presidente Fernando Collor encerrou um período em que, apesar de todas as restrições da ditadura civil-militar, a produção nacional pôde existir. Privados de sua fonte primária de financiamento da noite para o dia, os longas-metragens nacionais praticamente deixaram de existir por um período. Em 1990, foram produzidos apenas dois. 
 
Um deles, no entanto, foi um enorme sucesso de bilheteria e dirigido por uma mulher: Lua de Cristal, de Tizuka Yamasaki, que vendeu nada menos de 4 milhões de ingressos, um recorde que permaneceu intocado por 16 anos. Mas foi também a única grande bilheteria do cinema brasileiro daquela década, uma época de desmonte e muita desqualificação do produto nacional.
 
Mas foi também uma mulher a pioneira que liderou a famosa Retomada: Carla Camuratti, que com seu Carlota Joaquina - A Princesa do Brasil (1995), acendeu novamente a chama do cinema nacional. Lutando contra a enorme escassez de recursos, a diretora estreante em longas, que era atriz, contou apenas com R$ 500.000,00 e muitos apoios para produzir um filme de época que tinha à frente do elenco dois atores de primeira linha, Marieta Severo e Marco Nanini. Tanto eles quanto todos os membros da equipe, no entanto, empenharam-se num esforço cooperativado, filmando com muitas interrupçôes, à medida que o dinheiro entrava. O resultado, no entanto, compensou. O filme começou com poucas cópias, num circuito pequeno, mas foi crescendo e ficou 11 meses em cartaz, acumulando 1,3 milhão de espectadores. 
 
A partir desse recomeço, novas leis de incentivo foram criadas, permitindo o surgimento de toda uma geração de diretoras que vinham do curta-metragem. Uma delas foi Laís Bodanzky, que estreou em longa com o impactante Bicho de Sete Cabeças (2000), que consagrou o jovem Rodrigo Santoro como ator sério e foi multipremiado no exigente Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. 
 
Além de Laís, outras diretoras que chegavam eram Anna Muylaert (Durval Discos), Eliane Caffé (Narradores de Javé), além de Sandra Werneck, emendando uma sequência de sucessos, como Pequeno Dicionário Amoroso, Amores Possíveis e Cazuza: O Tempo não Pára
 
A mudança de inflexão do novo século para o cinema brasileiro era palpável até nos números - no início dos anos 2000, mais de 1.000 filmes nacionais haviam sido lançados comercialmente. E a diversidade de olhares femininos invadiu a década seguinte. 
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