Este longa faz parte de um projeto gigantesco que inclui instalação artística e uma série de outros longas, entre outras manifestações. Esse é o primeiro a emergir desse mamute artístico, assinado por Ilya Khrzhanovskiy. Tudo começou como uma simples cinebiografia do físico soviético Lev Landau, apelidado Dau, mas tomou proporções maiores quando o diretor alugou um galpão na Ucrânia e recrutou atores e atrizes para viver diariamente ali como se fossem habitantes da URSS – o que fez o experimento ser apelidado de O Show de Truman Soviético.
DAU. Natasha é o primeiro exemplar e, a julgar pela proporção de que tomou (15 longas e ainda sem previsão de conclusão), talvez jamais termine. Não que seja necessário assistir a todos para compreender o longa, mas, de qualquer forma, é preciso ter em mente que faz parte de algo maior. Esse é o primeiro da série a ser exibido em cinemas e estreou no Festival de Berlim.
A Natasha do título é interpretada por Natalia Berezhnaya, funcionária da cantina de um instituto científico do período stalinista. Atende aos cientistas que por ali passam e, em momentos de folga, fofoca com a colega Olga (Olga Shkabaryna), eventualmente brigando com ela por conta da preguiça desta. Natasha acaba indo para a cama com um cientista francês, Luc (Luc Bigé).
A KGB desconfia de que Natasha esteja envolvida com espionagem internacional e ela é levada para um interrogatório com o general Azhippo (Vladimir Azhippo). A sequência bem longa segue exatamente o caminho que se imagina, envolvendo tortura e misoginia.
DAU Natasha, dirigido por Khrzhanovskiy e Jekaterina Oertel, funciona como um filhote incomum do cruzamento entre o Formalismo Russo e o Dogma 95. São mais de duas horas que transitam entre o grotesco e o horrível com sinceridade especialmente do elenco. Mas em que medida, atores e atrizes estão atuando ou vivendo a realidade construída dentro desse bunker onde o projeto DAU acontece? Uma resposta que, provavelmente, jamais teremos. De qualquer forma, quem quiser adentrar ainda mais o mundo de DAU, em breve, também chega ao circuito DAU. Degeneração, de 369 minutos,