04/12/2024
Terror Humor negro Comédia

A Última Noite

Nell e Simon preparam a ceia perfeita para receber um grupo de amigos e amigas. Ao fim da noite, no entanto, uma atitude drástica precisa ser tomada, pois uma nuvem com gás mortal se aproxima.

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Em A última noite, o famoso boxing day inglês (o dia depois do Natal) vai ser diferente nesse ano, e ninguém precisa se preocupar em colocar etiqueta de troca nos presentes. Uma combinação de filme de Natal com Melancolia, de Lars Von Trier, o primeiro longa de Camille Griffin é repleto de boas ideias, mas um tanto confuso e pouco potente em sua execução. É como se a diretora soubesse o que quer falar, mas não como falar.
 
O cenário é a casa de uma família inglesa bastante rica, que se prepara para receber um grupo de amigos e amigas – todo mundo rico, uns mais que os outros – para o último Natal. E, sim, literalmente será o derradeiro, pois uma nuvem tóxica se aproxima, o que causará uma morte horrível. Por isso, no dia 26 de dezembro todos tomarão uma pílula que causa uma morte rápida e indolor.
 
Antes disso, no entanto, há tempo suficiente para a boa e velha lavagem de roupa suja nas festas de fim de ano. A anfitriã é Nell (Keira Knightley), que com o marido, Simon (Matthew Goode), e os filhos pequenos, Art (Roman Griffin Davis, de Jojo Rabbit) e os gêmeos Hardy e Thomas (Hardy Griffin Davis e Gilby Griffin Davis) – as três crianças são filhos da diretora) preparam a casa para receber um grupo de amigos. Depois da ceia, todos deverão se matar.
 
Enquanto isso não acontece, segue a comilança (leve) e o bate-boca (pesado) que, inevitavelmente, descambará em questões mal resolvidas do passado. Os convidados e convidadas são: Sandra (Annabelle Wallis), um tanto arrogante, seu marido, Tony (Rufus Jones), um sujeito bem-intencionado mas um tanto pateta, e a filha do casal, Kitty (Davida McKenzie), uma pré-adolescente esnobe que seguiria os passos da mãe se o mundo não acabasse no dia seguinte; Bella (Lucy Punch) e sua companheira, Alex (Kirby Howell-Baptiste); e o casal James (Ṣọpẹ́ Dìrísù) e Sophie (Lily-Rose Depp), praticamente inofensivo.
 
Nell decreta que a noite deverá ser de amor e compaixão, afinal é Natal e também o fim do mundo. Mas isso é deixado de lado bem rápido. Griffin, que também assina o roteiro, não assume um tom todo reverente como Melancolia, por exemplo, mas também não se aproveita, como poderia, do potencial irônico de toda a situação – afinal, só se pode ser completamente sincero como se não houvesse amanhã quando realmente não há amanhã.
 
A causa da nuvem tóxica são os anos de negligência com o planeta, ou como diz Art, é a Terra botando para fora todo o lixo que foi obrigada a engolir. Ele, como as outras crianças, são as figuras mais interessantes no filme. Os adultos, enquanto personagens, são descartáveis e bastante próximos de clichês. Art tem a seriedade que a situação necessita – sem se tornar uma daquelas crianças metidas a adultas.
 
Sem uma grande força e num discurso um tanto batido, A última noite perde a chance de fazer comentários mais relevantes sobre a atualidade – o que poderia muito bem ser feito aqui. 
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