Atriz e produtora de As Agentes 355, a estrelíssima Jessica Chastain encomendou ao diretor e produtor inglês Simon Kinberg - que ela conheceu ao atuar em X-Men: Fênix Negra - um filme de ação e espionagem liderado por um elenco feminino que misturasse um pouco de James Bond, outro pouco de Missão: Impossível. A fórmula em parte funciona, apoiada no carisma do quinteto internacional de protagonistas - além de Jessica, Lupita Nyong’o, Penélope Cruz, Diane Kruger e Bingbing Fan. Elas são as cinco agentes, cada uma de uma parte do mundo, que primeiro se enfrentam, depois colaboram entre si, para retomar a posse de um perigosíssimo artefato, capaz de afetar os controles de todos os sistemas computadorizados do mundo.
Disputado avidamente por criminosos, o artefato cai nas mãos de um agente colombiano, Luis Rojas (Edgar Ramirez), que se dispõe a comerciá-lo por alto preço com a CIA. Aí entram em cena os agentes norte-americanos Mace Brown (Jessica) e Nick Fowler (Sebastian Stan), encarregados da troca em Paris. O encontro, porém, é do conhecimento de outras pessoas, caso da agente alemã Marie Schmidt (Diane Kruger), que se prepara para atravessar o caminho dos colegas norte-americanos. E não apenas ela.
Está em Paris também a psicóloga colombiana Graciela Rivera (Penélope Cruz), que conhece Rojas há tempos e se dispõe a intermediar sua volta para casa. Com um objeto tão precioso à solta, acontece a primeira situação de disputa, com tiros e perseguições. A partir daí, as emoções do filme estarão em seguir as pistas do artefato, que é visado por gangues diversas, numa história que aposta na adrenalina das lutas que estas agentes são capazes de encarar, primeiro entre si, depois com seus inimigos. O preparo físico das meninas, aliás, é invejável, deixando muitos marmanjos na lona.
Numa história que inclui várias viagens, entre Londres - onde o time feminino incorpora Khadijah (Lupita Nyong’o), ex-agente MI6 especializada em computação -, Washington, Marrocos e finalmente Xangai (onde Bingbing Fan entra na história), forja-se uma sororidade difícil entre estas mulheres independentes, acostumadas a não confiar em ninguém e trazendo a tiracolo, forçadas pelas circunstâncias, a psicóloga Graciela. Esta tem a função de tempos em tempos, injetar um certo humor às situações, com seu perfil de gente comum, mãe de dois filhos que fica telefonando para eles e o marido.
Produtor experiente, conhecido especialmente pela franquia X-Men, Kingberg assina o roteiro com a dramaturga Theresa Rebeck, criando um filme movimentado mas eventualmente insatisfatório. Deixa-se pontas soltas a partir do título, nunca explicado - e que se refere a uma misteriosa agente norte-americana do século 18 - e também pela forma como as agentes entram e saem dos países que visitam, obtendo magicamente o que precisam, como armas e os elegantes figurinos ostentados numa festa em que vão procurar seus alvos.
Assim sendo, apesar de relativamente satisfatório no quesito diversão, o filme deixa escapar a chance de tornar-se mais elegante e sutil, ao não explorar devidamente o potencial de um quinteto feminino genuinamente dotado de talento e charme. Do lado masculino, em desvantagem pelo próprio espírito da história, fica evidente o erro na escalação de Sebastian Stan no mais importante papel masculino. Ele não dá conta da ambiguidade de seu papel e torna-se eventualmente caricato.