21/01/2025
Terror Drama Coletivo

Na Solidão da Noite

Em visita a uma casa de campo de um homem que não conhece, arquiteto se depara com desconhecidos que povoam seus pesadelos. Ele parece fazer previsões de um futuro sombrio que se avizinha, conforme seus sonhos. Mas antes disso, cada um tem uma história de terror para contar.

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Entre os diretores do suspense de terror Na solidão da noite, está o brasileiro Alberto Cavalcanti (assinando apenas com o sobrenome), que dirige um dos melhores episódios do longa coletivo: o último, envolvendo um ventríloquo e seu boneco. Mas isso não quer dizer que os demais segmentos – assinados por Charles Crichton, Robert Hamer e Basil Dearden – sejam ruins, pelo contrário, essa coletânea mantém um alto nível cinematográfico.
 
Partido de textos diversos, de autores como  H.G. Wells e Angus MacPhail (roteirista de Alfred Hitchcock em filmes como Quando fala o coração e O homem errado), que também assina o roteiro, ao lado de John Baines, o filme cria uma atmosfera de suspense e claustrofobia a partir da reunião de um grupo de pessoas numa casa de campo, depois da chegada de um desconhecido, o arquiteto Walter Craig (Mervyn Johns), convidado pelo proprietário, que o chamou para consultar sobre uma reforma.
 
Craig não conhece nenhuma das pessoas que estão lá mas, estranhamente, diz que já as viu em seus sonhos, e é capaz de prever tudo o que irá acontecer. Mesmo desconfortáveis, os convidados e convidadas tentam aliviar a atmosfera contando histórias (levemente macabras) de coisas que presenciaram. Aí entra cada um dos episódios dirigidos por cada realizador.
 
De um piloto de corridas num hospital, a uma festa de Natal, passando por um espelho cujo reflexo leva um homem à loucura, cada história lida com o sobrenatural, acrescentando novas camadas aos pesadelos e previsões. Na última, o protagonista é o ventríloquo Maxwell Frere (Michael Redgrave). Seu boneco, Hugo, se interessa em trabalhar com outro sujeito, Sylvester Kee (Hartley Power), e se torna arredio, a ponto de insultar uma mulher. Uma série de incidentes seguem-se, cada vez mais custando a sanidade de Frere.
 
Como com qualquer antologia, alguns episódios funcionam melhor do que outros, mas nada que seja tão destoante aqui. Psicologismos tentam dar conta dos personagens, e um deles, aliás, o dr. van Straaten (Frederick Valk), é um psicólogo, que faz comentários elucidativos aqui e ali. Mas o horror real está mesmo no inexplicável.
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