O cineasta carioca Angelo Defanti, estreante em longas, adapta o romance homônimo de Luis Fernando Verissimo, reconstruindo a história de um clube de amigos que se encontram mensalmente para comer. Eles se conhecem desde garotos de escola, quando sua iguaria máxima era um picadinho com arroz e farofa de ovo. Décadas depois, todos eles sendo parte de uma elite econômica que não precisa preocupar-se com os gastos, eles competem para oferecer uns aos outros banquetes regados a caros vinhos e champanhes.
Um dia, apresenta-se a um deles, Daniel (Otávio Muller), um estranho, Lucídio (Matheus Nachtergaele), que logo demonstra altos conhecimentos culinários e rapidamente se torna seu cozinheiro Mas, junto com ele, introduz-se uma ameaça: a cada encontro, um deles morre, desencadeando um jogo sinistro que, por alguma razão, eles não interrompem.
É uma trama interessante, que colhe inspirações, guardadas as devidas proporções, com filmes do passado juntando comida e morte: como A Comilança, de Marco Ferreri, ou O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante, de Peter Greenaway, mas preservando o seu espaço próprio.
Uma peculiaridade altamente favorável é este elenco, verdadeiramente magistral, integrado por Augusto Madeira, César Mello, Ângelo Antônio, Marco Ricca, Paulo Miklos, André Abujamra (que assina também a trilha musical). Embora o protagonista seja Otávio Muller, a participação de cada um dos outros é essencial ao funcionamento desta orquestra sombria, num gênero de suspense que o cinema brasileiro não costuma frequentar muito e em que este diretor estreante se arrisca com considerável êxito.
E humor, para quem espera de uma história adaptada de Verissimo, quando há, é negríssimo. Exatamente como no livro.