Marina é uma jovem advogada de sucesso que volta de uma viagem a Londres, estabelecendo-se em Curitiba. Maria Eugênia é uma jovem mimada de família rica cujo filho pequeno sofre desmaios inexplicáveis. A vidas de ambas se transformam quando encontram o espiritismo, e também descobrem ter laços de existências passadas.
- Por Alysson Oliveira
- 14/11/2022
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As questões éticas e morais se apresentam acima das dívidas de vidas passadas no drama espírita Nada é por acaso, que parte do livro homônimo de Zíbia Gasparetto. Um ato feito numa existência anterior reverbera em chave invertida no presente. Uma mulher que fez muitos abortos será estéril. Já outra que ajudou nos abortos deverá servir de barriga de aluguel – embora elas não tenham consciência desses laços.
Dirigido por Márcio Trigo, o filme abraça as questões espíritas com gosto, o que não é um problema, na verdade, essa honestidade é sua grande qualidade, na falta de outras cinematográficas. A trama, roteirizada por Audemir Leuzinger e Cláudio Torres Gonzaga, poderia bem servir a uma telenovela, se mais espichada.
A advogada Marina (Giovanna Lancellotti) volta de uma viagem a Londres, com muito dinheiro, e promete à mãe (Anastácia Custódio) e ao irmão caçula Cícero (Guilherme Garcia), que os levará para morar em Curitiba. Pouco tempo depois, o filme a mostra como um advogada bem-sucedida, com uma casa enorme, onde vive com a família.
Paralelamente, há a história de Maria Eugênia (Mika Guluzian), uma jovem rica e frágil que há pouco teve o primeiro filho com o marido, Henrique (Tiago Luz). O bebê tem problemas de saúde e perde a consciência facilmente. A empregada sugere o centro espírita que frequenta como uma possibilidade de tratamento. Lá, o menino recebe passes e logo está curado – sua doença vinha de uma vida passada.
Ao mesmo tempo, Cícero passa a ter um comportamento estranho: entra em transe e começa a escrever coisas sem sentido. Marina pede ajuda a Rafael (Rafael Cardoso), um terapeuta espírita que conheceu há pouco, e com quem flerta. Ele sugere o mesmo centro que Maria Eugênia passou a frequentar. E ele também é terapeuta de Henrique, que tem pesadelos horríveis, mas não cogita procurar um psiquiatra.
Entre encontros e desencontros, nessa e em outras vidas (e nesses e outros planos), os personagens enfrentam dramas numa história que conecta a todos de maneira uma tanto simplista e rasa. É um filme que prega a convertidos, sem se preocupar muito com questões cinematográficas, marcado por uma música onipresente. Gasparetto, morta em 2018, publicou livros por 60 anos de sua vida. É uma surpresa que o cinema tenha demorado tanto para a descobrir. Nada é por acaso saiu em 2005, e, dependendo do sucesso do longa, pode não ser o único a chegar às telas.