16/01/2025
Ficção científica Fantasia Aventura

Avatar - O caminho da água

Vivendo em Pandora, Jake Sully forma uma família com seus filhos e filhas. Mas a ganância humana, que vê o Planeta como o único habitável após a destruição da Terra, tentam colonizá-lo. Mas, para isso, precisarão destruir os Na'vi.

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Água é com James Cameron mesmo. De O segredo do abismo a Titanic, o cineasta coloca em cena o líquido mais abundante do planeta, e humanos em luta contra ele – ou contando com sua ajuda. Em Avatar: O Caminho da Água, ou Avatar 2, o cineasta volta novamente a esse elemento natural em momentos que lembram exatamente O segredo do abismo e Titanic, o que faz esse longa parecer não apenas sequência do sucesso de 2009, mas também dos dois outros filmes, em certo sentido – embora, protagonizado por seres gigantes e azuis, os Na’vis.
 
Mais de uma década se passou desde que Cameron lançou o primeiro filme – que teve um relançamento com discretas melhorias técnicas alguns anos atrás. E o que mais evoluiu aqui nesse tempo foi a tecnologia que ele emprega na construção virtual da lua Pandora. O que havia de mal-resolvido visualmente no original, aqui é impressionante. O uso do 3D é eficiente, embora não fundamental para o filme. Porém, o maior problema do Avatar antigo continua aqui: o roteiro.
 
Escrito por três roteiristas, entre os quais, Cameron, Avatar: O Caminho da Água é um amontoado de episódios um depois do outro sem muita concatenação dramática. É como se fossem histórias de uma família de Na’vi em Pandora, umas maiores, umas melhores, mas sem muita unidade. E, nesse sentido, o filme poderia ser mais curto, ou mais longo. E o diretor, com uma clara mania de grandeza, optou por espichar até mais de desnecessárias 3 horas, o que se faz sentir antes da metade.
 
Jake Sully (Sam Worthington), o militar terráqueo que abandonou seu planeta e a forma humana para se estabelecer em Pandora, agora formou uma família com sua mulher, Neytiri (Zoe Saldaña), com quem tem filhos e filhas. Eles vivem em paz e em harmonia com a natureza, até a chegada de humanos, ou “os seres do céu”, metamorfoseados na forma gigantesca e azul, como os nativos. O objetivo é destruí-los para poder depois poder ocupar Pandora, já que a Terra está ficando inabitável.
 
Para esse fio mínimo de narrativa, Cameron cria dezenas de personagens azuis sem muita complexidade, servindo mais como condutor de diálogos ou elementos de ação do que pessoas ou seres, que sejam. A ideia de “Avatar” do filme original, como um outro corpo artificial que pode ser habitado por humanos, é completamente esquecida – é como se isso não existisse.
 
Os humanos disfarçados, que logo pousam na floresta de Pandora, são liderados por Quaritch (Stephen Lang), que tem rixas antigas com Jake e ameaça sua família. Para protegê-los e também aos outros na’vis de sua aldeia, o protagonista foge com a mulher e a escadinha de filhos, além de levar consigo Spider (Jack Champion), um menino humano que vive no laboratório mas é afeiçoado às crianças na’vis.
 
O refúgio será com o povo da água, no recife Metkayina, que é liderado por Tonowari (Cliff Curtis) e sua mulher, Ronal (Kate Winslet), que não os recebem muito bem. Para poder ficar com eles, os Sully precisam apender a arte de viver longos períodos debaixo da água. O fundo do mar poderia ser um belo cenário se Cameron não se valesse de todos os clichês. Nesse sentido, um episódio de Bob Esponja tem mais criatividade e humor do que Avatar: O Caminho da Água inteiro.
 
Salva-se aqui uma menina interpretada por Sigourney Weaver, chamada Kiri, e que nunca conheceu sua mãe, que vive dormente num tanque. É uma personagem interessante que não tem toda sua história explorada – o que pode acontecer numa das inúmeras futuras sequências prometidas pelo diretor.
 
A megalomania de Cameron é visível aqui, remetendo à hora final a seu Titanic -homenagem ou preguiça? Fica a dúvida. É, obviamente, uma experiência visual – embora cansativa em sua infinita duração – que não tem respaldo emocional por conta de personagens rasos. Há, claramente, momentos em que o filme mira no coração e nas lágrimas, mas nada disso funciona se não construímos uma relação com as personagens.
 
O filme é mais longo, mais molhado e mais azul do que o original, embora um pouco menos tedioso. Mas, ainda assim, não tem como não encará-lo como mero exibicionismo técnico de Cameron e sua equipe – que em 2010 perdeu o Oscar de direção e melhor filme para sua ex-mulher, Kathryn Bigelow, e seu Guerra ao Terror, quando ele era dado como favorito.
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