13/12/2024
Docudrama

Rama Pankararu

Funcionária do posto de saúde de sua cidade, na terra indígena Pankararu, Bia se transforma numa ativista contra os inúmeros ataques que vêm sendo praticados contra escolas da região. Chega ao local uma repórter para investigar.

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Vencedor de três prêmios no Cine PE 2022, o docudrama Rama Pankararu, de Pedro Sodré (RJ), mergulha na cultura deste que é um dos 14 povos indígenas de Pernambuco, para contar uma história em torno de Bia (Bia Pankararu, corroteirista e coprodutora). A ideia geral é normalizar a figura do indígena, longe dos estereótipos, retratando-o como uma pessoa comum, como qualquer outra, imersa em suas questões pessoais e seu trabalho - no caso de Bia, num posto de saúde. Mas isso inclui também contextualizar este seu cotidiano numa terra indígena que está sofrendo um processo de desintrusão, o que acarreta alguns episódios de violência, de queima de escolas e do posto de saúde, ocorridos realmente depois das eleições de 2018.
 
Na coletiva do filme, em dezembro de 2022, em Recife, a própria Bia Pankararu e o diretor Pedro Sodré descreveram o processo de realização do filme, cujo set funcionava na casa dela, em Tacaratu (PE). Essa proximidade entre a personagem e a equipe criou seus atritos, mas também uma intimidade e organicidade que, de outra forma, dificilmente teriam sido atingidos. “O filme aconteceu com a vida”, definiu Bia, que já tinha experiência anterior em cinema como produtora. 
 
Há sequências muito bonitas, como a filmagem do ritual do Umbu, que ocupa a parte final, em que o som da música indígena foi feito em captação direta, às vezes usando o som da própria câmera, como contou o diretor. 
 
Na parte propriamente ficcional do filme, Bia envolve-se amorosamente com uma repórter (Tássia Leite) que veio escrever uma reportagem sobre seu povo. Indagada sobre a repercussão dessa questão da sexualidade em sua comunidade, Bia admitiu que o filme ainda não havia sido visto lá e que ela esperava problemas com alguns líderes da comunidade. “Vários deles são homens na faixa dos 40 anos e que a gente pode descrever como homofóbicos”, declarou. Na sessão do festival, no entanto, vieram alguns jovens Pankararus, que são artistas, alguns deles LGBTs, e, segundo Bia, nenhum deles viu no filme nenhuma afronta à sua cultura original. 
 
No Cine PE, o filme levou três prêmios: melhor atriz para Bia Pankararu, melhor longa para o júri Abraccine e também para o júri popular.
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