Liam Neeson deixa temporariamente de lado os herois de ação que têm caracterizado seu trabalho mais recente para encarnar um detetive, Philip Marlowe, em Sombras de um Crime, reencontrando o diretor Neil Jordan, com quem atuou em Michael Collins - O Preço da Liberdade (1996).
Como em toda história noir que se preza, há um jogo de aparências e falsas pistas - a primeira delas, envolvendo o próprio personagem do protagonista. Não se trata, afinal, de nenhuma história do escritor Raymond Chandler sobre seu famoso personagem, Philip Marlowe, e sim de um derivativo-homenagem, escrito por John Banville (The black-eyed blonde). Baseado nessa obra, Neil Jordan e William Monahan escreveram um roteiro que recorre às habituais convenções do gênero, com louras fatais e tipos suspeitos surgindo de cada esquina.
A primeira loura fatal que aparece no escritório do detetive Marlowe é Clare Cavendish (Diane Kruger), uma rica herdeira à procura do amante desaparecido, Nico Peterson (François Arnaud). Tudo indica que ele tenha morrido num acidente diante do exclusivo clube que ele frequentava com Clare - mas, por alguma razão, ela não acredita nessa morte.
A partir daí, o experiente e cansado detetive entra numa série de encontros estranhos, envolvendo a mãe de Clare, uma ex-atriz de Hollywood, Dorothy Quincannon (Jessica Lange), o marido dela, o embaixador (Mitchell Mullen), o gerente do clube, Floyd Hanson (Danny Huston) e um tipo mafioso, Lou Hendricks (Alan Cumming), todo mundo mais ou menos interessado no desaparecido ou em seus negócios com ele.
Não deixa de ser decepcionante que um diretor tão hábil como Jordan, tendo a seu crédito filmes como A Companhia dos Lobos, Mona Lisa, Traídos pelo Desejo e Café da manhã em Plutão, assine um filme tão genérico e sem grande brilho mesmo contando com um elenco de respeito. Parece não ser esta a praia dele e o resultado gira em falso, num filme rapidamente esquecível.