10/12/2024
Drama espírita

Ninguém é de ninguém

Gabriela é uma advogada de sucesso que sofre nas mãos do marido ciumento. Agora, desconfiado de que ela tem um caso com o chefe, ele se une à esposa deste para acabar com o suposto romance. Mas a explicação para a trama envolvendo os casais está numa vida passada.

post-ex_7
Se a primeira onda de filmes espíritas, pouco mais de uma década atrás, tinha com figura forte Chico Xavier – com filmes como a cinebiografia do médium em Nosso Lar –, a segunda onda, que começa a se instaurar, parece ter ao centro a obra de Zibia Gasparetto, cujos romances estão se tornando objeto de adaptação. Depois de Nada é por acaso, do ano passado, chega Ninguém é de ninguém, dirigido por Wagner de Assis.
 
O título pode dar uma ideia bem errônea aos mais desavisados. Não é um filme sobre troca de casais – ao menos, não como se possa imaginar. Ao centro, realmente, estão dois casais cujos laços, surpresa!, remontam a vidas passadas – afinal, a explicação para todos os problemas nos filmes espíritas é essa. Roteiristas não precisam se dar muito trabalho, as vidas passadas são o deus ex-machina que tudo resolve num narrativa.
 
Gabriela (Carol Castro) é uma advogada de sucesso, que acaba de conseguir uma promoção no escritório onde trabalha. Seu marido, no entanto, Roberto (Danton Mello) não tem a mesma sorte. Empreiteiro, ele acaba de ser roubado pelo sócio, que o deixou sem dinheiro e cheio de dívidas, o que o deixa humilhado e com vontade de vingança.
 
Na outra ponta está o dr. Renato (Rocco Pitanga), patrão de Gabriela. Roberto desconfia de que ela tem um caso com o chefe, e encontra na mulher dele, Gioconda (Paloma Bernardi), uma parceira em sua paranoia, com quem irá se aliar para separar o suposto casal.
 
O melodrama, embora não seja considerado um gênero muito nobre, já rendeu excelentes filmes – o que não é o caso aqui, nesse meh-lodrama, que toma emprestado o que pode haver de pior em novelas mexicanas e reproduz em cenário metafísico brasileiro. A música excessiva, personagens caricatas com excesso de maquiagem, diálogos constrangedores, tudo está aqui.
 
Gioconda e Roberto armam um plano mirabolante para separar Renato e Gabriela – que nem um caso têm –, o que resulta em lances trágicos e possessão espiritual. Há momentos dignos de comicidade involuntária, além de pouca ou nenhuma veracidade, especialmente legal. Os poucos mais de 90 minutos se mostram intermináveis com essa dança de troca de casais nesta e em outras vidas.
post