08/09/2024
Musical Documentário

Jair Rodrigues - Deixa que digam

Figura querida da música nacional, Jair Rodrigues, morto em 2014, ganha uma cinebiografia rica em imagens de arquivo, trazendo entrevistas que ressaltam a importância dele na cultura e na música brasileira.

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O diretor Rubens Rewald conheceu Jair Rodrigues quando o convidou para atuar em seu longa Super Nada (2012), sem muita esperança de que ele aceitasse. Mas ele topou, e daí nasceu uma amizade e um pedido: o cantor queria um documentário sobre sua vida e carreira. Eis que daí nasceu Jair Rodrigues – Deixa que digam, realizado postumamente.
 
Com uma rica pesquisa em materiais de arquivo – não apenas apresentações musicais, mas também entrevistas –, o documentário resgata a trajetória de Jair, que morreu em 2014, partindo de seu primeiro grande sucesso, nos anos de 1960, com Deixa isso pra lá, da qual vem o subtítulo do filme. Com sua letra bem humorada, a canção também ficou marcada pelos gestos que o cantor fazia com as mãos enquanto cantava. Esse, aliás, resulta num dos momentos mais divertidos do longa, ao lado de Dercy Gonçalves.
 
O crítico Zuza Homem de Mello define o cantor como apegado à raiz da música brasileira, e as apresentações musicais confirmam. Já a questão da negritude, como explica o músico e pesquisador Salloma Salomão, está nas músicas de Jair. O racismo, aliás, é um tema debatido claramente no filme. O cantor dizia não ter sofrido racismo, e alguns entrevistados elaboram sobre a questão, como Rappin’Hood, para quem Jair “não era militante, mas, nas entrelinhas, militava”.
 
O filme segue uma estrutura convencional – em alguns momentos, o filho de Jair Rodrigues, Jair Oliveira, encena depoimentos do pai –, mas tira bastante proveito da simpatia do biografado, com seu sorriso sempre largo, resultando num documentário de bom humor e energia, tal qual o biografado.
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