07/09/2024
Fantasia

O portal secreto

Paul é um jovem desempregado sem rumo na vida que, por acaso, consegue um estágio numa empresa misteriosa, a JW Wells & Co. Aos poucos, descobre que o local lida com magia e sua função será encontrar um portal que desapareceu.

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O australiano O Portal Secreto é claramente uma fantasia para o público hoje adulto que cresceu lendo e vendo Harry Potter. Dirigido por Jeffrey Walker, é bem menos ambicioso do que a saga do bruxinho inglês, e também bem mais mal-resolvido enquanto fantasia, sem força seja na criação de um mundo mágico ou na criação de personagens cativantes.
 
Baseado num romance de Tom Holt, de 2003, é um filme estranhamente sobre burocracia e trabalho de escritório tentando encontrar algo de fantástico em meio a tudo isso. Spoiler: não encontra. O conceito talvez seja melhor do que a execução em si. Seu cenário é a empresa JW Wells & Co de Londres, que tem como negócio orquestrar as coincidências do dia-a-dia, aquelas coisas simples que mudam as vidas das pessoas.
 
Casualmente, Paul Carpenter (Patrick Gibson) é contratado como estagiário lá, mesmo sem nunca ter ouvido falar do local. Na mesma ocasião, Sophie (Sophie Wilde) também consegue um emprego como estagiária, mas o talento dela, ao contrário do protagonista, logo se mostra. Ela é capaz de ouvir os pensamentos das pessoas, entrar na cabeça de conhecidos e manipular para que as “coincidências” então ocorram.
 
Paul, por sua vez, é designado pelo presidente da empresa, Humphrey Wells (Christoph Waltz), para encontrar uma porta misteriosa que desapareceu e que, quando aberta, leva a outros lugares. O jovem, no entanto, não ganha a simpatia de Dennis Tanner (Sam Neill), assistente de Wells, que também tem seus próprios segredos.
 
A falta de carisma dos personagens também não ajuda. Paul é um protagonista apático, um tanto bobo, ao contrário de outros pares na fantasia, que são mais ativos, mais cheios de energia. Por outro lado, Waltz e Neill parecem estar em outro filme, com energia demais, até um pouco irritantes mesmo. Resta a Wilde encontrar certo equilíbrio, na interpretação mais acertada de todo o filme.
 
O Portal Secreto é um filme teria muito a ganhar em sua direção de arte, que parece limitada a um orçamento não muito generoso – o que é compreensível, já que é uma produção independente. Walker se esforça para encontrar saídas visuais, mas o filme nunca consegue levantar voo além do óbvio. É como se, estranhamente para um filme desse gênero, a fantasia nunca conseguisse ser elevada, nunca correndo solta.
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