Baseado no sétimo capítulo do livro de Bram Stoker, Drácula: A última viagem do Deméter conta a história de como o conde vampiresco chegou à Inglaterra, dizimando toda a tripulação do navio onde embarcou clandestinamente. Dirigido pelo norueguês André Øvredal, o filme passa uma sensação de genérico seja no seu visual ou na história que conta.
Soturno e claustrofóbico, o longa pouco aproveita seus personagens e elementos, transformando todos apenas em potencial banquete para Drácula (Javier Botet). A trama é contada a partir do diário de bordo do capitão Eliot (Liam Cunningham), o que não faz muito sentido, afinal, há momentos em que ele não estava presente e não teria como ter narrado esse registro.
Mas esse é o menor dos problemas do roteiro de Bragi F. Schut e Zak Olkewicz, que não se dá ao trabalho de desenvolver personagens, e crê que apenas o apelo do vampiro-mor seja suficiente para construir todo o filme. A história que se passa em 1897 começa na Transilvânia, onde o Demeter recruta alguns homens para seguir sua viagem. Entre eles, de última hora, entra Clemens (Corey Hawkins), que servirá como médico. Além dele, proeminente no filme, estão o imediato ao capitão, Wojchek (David Dastmalchian), e uma criança, neto do capitão, Toby (Woody Norman). Os demais membros da tripulação servem mesmo apenas para alimentar Drácula, que embarcou escondido num grande baú.
A surpresa é a descoberta de uma jovem clandestina, Anna (Aisling Franciosi), que estava fechada numa caixa, e se mostra com a saúde fragilizada, o que a obriga a receber inúmeras transfusões de sangue. Não custa muito e os animais do navio morrem misteriosamente. Logo depois, os membros da tripulação desaparecem um a um.
A questão central aqui é que o público sabe exatamente onde essa história irá chegar, por isso, o prazer deveria vir de como ela é contada. Tudo se resume a uma espécie de Alien em alto-mar, com certo esmero de produção, mas com uma trama plana destituída de muitos atrativos. Øvredal não se furta de mostrar o sangue jorrando, e isso talvez seja o ponto mais positivo aqui.
Drácula é um daqueles monstros clássicos do estúdio Universal, que, de tempos em tempos, o ressuscita para tirar dele ainda mais sangue. Drácula: A última viagem do Deméter é a segunda tentativa esse ano. Depois do dispensável Renfield: Dando o Sangue Pelo Chefe, aqui, ao menos, há certo esforço em se fazer um filme, mesmo que não atinja o patamar, digamos, do Drácula de Francis Ford Coppola.