Dando sequência ao aumento do poderio feminino no universo Marvel, As Marvels aposta numa mistura de ação, humor e até musical para dar conta de uma história que será o cartão de visitas, daqui para a frente, da diretora Nia DaCosta (A Lenda de Candyman, Passando dos Limites).
Brie Larson está de volta ao papel de Carol Danvers, a Capitã Marvel, que resgatou sua identidade depois de um período desmemoriada junto ao povo Kree - cujo planeta pagou o preço da exploração da heroína. O problema é que a ressentida líder dos Kree, Dar-Benn (Zawe Ashton), não vai se conformar com a destruição e o desempoderamento - uma chave disso está na conquista de um misterioso bracelete que lhe dá muitos poderes. Mas existe um outro exemplar para tornar o serviço completo e este está em mãos muito mais inocentes.
Fãzaça da capitã Marvel, a adolescente Kamala Khan (Iman Vellani), moradora de Jersey City que é conhecida como Ms. Marvel, é a possuidora do outro bracelete, de cujos poderes ela nem desconfia. A briga pelos braceletes e o disparo de uma super-energia que cria um buraco no universo vão ser o mote da aventura, que une aqui a Capitã Marvel, Ms. Marvel e a capitã Monica Rambeau (Teyona Parris) - a filha da falecida Mary Rambeau (Lashana Lynch), que cresceu esperando a volta da tia Carol e ficou decepcionada com a sua ausência todo esse tempo.
O caminho destas três vai se cruzar devido ao desequilíbrio no universo, causado pelo buraco, que leva a saltos de teletransporte e faz com as três intercalem seus poderes e troquem de lugar, sem que possam controlar esses deslocamentos. Começa aí a definição do tipo de filme pretendido pela diretora, que aposta na movimentação, ação, efeitos visuais, humor, num sentido de sororidade e de família e não se furta a flertar com gêneros normalmente ausentes deste tipo de filme de super-herói baseado em quadrinhos.
O caso mais flagrante por aqui é a inserção de um momento musical, cantado e dançado e tudo, quando as três heroínas vão descobrir um lado misterioso da vida de Carol - que se passa por um planeta cheio de água, que é cobiçado pelos Kree e governado por um príncipe, Yan (Park Seo-joon). Mas, evidentemente, tudo o que se joga aqui, de romance e musical, é levado num tom de ironia, que apenas quebra um pouco a seriedade da Capitã Marvel e lembra que este filme é de entretenimento.
Outra sequência em que se permite uma certa liberdade no limite do pastelão é quando uma turma de gatos, incluindo o mascote de Carol, Goose, vão desempenhar uma função digamos meio nojenta para ajudar a transportar uma tripulação em perigo - o que Nick Fury (Samuel L. Jackson) topa sem vacilar.
Colocando numa escala de comparação, As Marvels está mais para Guardiões da Galáxia do que Os Vingadores, mas com sua própria mistura. Leva-se a sério em sequências de luta, as mais vibrantes protagonizadas por mulheres, mas deixa um largo espaço para acertos afetivos cujos desdobramentos a cena final, pós-créditos, acena como muito promissora nos próximos filmes. Quem quiser saber, não saia antes do fim dos créditos.