Nosso Lar 2: Os mensageiros segue a mesma fórmula do original, de 2010, repleto de explicações sobre o mundo espiritual, reencarnação e afins. É um filme excessivamente didático e doutrinador – mas seu risco é, literalmente, pregar para convertidos. É pouco provável que alguém que não seja espírita se interesse em assistir.
Com cenários do "mundo espiritual" feitos por computação gráfica pouco caprichada e música onipresente, o filme de Wagner de Assis joga frases de autoajuda sobre a vida, a morte e a vida pós-morte com o intuito de confortar e ensinar sobre a doutrina.
Cinematograficamente, é uma produção pobre em seus recursos narrativos e até mesmo visuais, sempre repetindo as mesmas coisas de forma diferente.
A maior adição ao elenco é Edson Celulari, como um dos Mensageiros do título, chamado Aniceto, líder de um grupo de espíritos que vêm à Terra para apoiar três pessoas cujas vidas perderam o rumo. Otávio (Felipe de Carolis) é um jovem médium arrogante e maltrata a mulher. Isidoro (Mouhamed Harfouch) é responsável por uma casa espírita que, em nome do bem, comete abusos emocionais, especialmente com sua família. E, por fim, o empresário Fernando (Rafael Sieg), que deveria provar que um rico pode entrar no reino dos céus.
“Acha que só quem é vivo aparece, Isidoro? Quem é morto também”, diz Otávio ao visitar o outro personagem vindo do além-vida. Talvez não seja exatamente um momento intencionalmente cômico, mas acaba sendo. As tramas dos personagens, que se cruzam, são superficiais, sem complexidade e se prestam apenas a calhar num ensinamento.
A briga entre os espíritos do bem (em cores) e os do mal (em preto e branco), por assim dizer, lembra cenas da novela Os Mutantes, sucesso da Record anos atrás. Os efeitos pouco caprichados aumentam o embaraço causado pela cena, e o resultado acaba sendo anticlimático.
Com interpretações empostadas, Nosso Lar 2: Os mensageiros é incapaz de furar a bolha temática a que se direciona. Deve agradar aos praticantes do espiritismo com suas mensagens e ensinamentos (filme com ensinamento é sempre um problema), mas fora isso não gera muito interesse.