16/02/2025
Drama

Uma vida - A história de Nicholas Winton

Em 1938, o inglês Nicholas Winton visita a cidade de Praga e se depara com péssimas condições de vida e a constante ameaça de uma invasão nazista. Com um grupo de apoio, ele planeja levar para a Inglaterra o maior número de crianças que conseguir antes que as fronteiras sejam fechadas pela guerra iminente. No Prime Video.

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As escolhas da carreira de Anthony Hopkins são, nos últimos tempos, um tanto erráticas: de Meu Pai, que rendeu-lhe um Oscar, a Armageddon Time, exibido em Cannes, a outros bem menos prestigiosos, como Danos Colaterais ou Elyse - A Coragem Vem do Coração. Mas talvez seja fácil compreender o que o levou a fazer Uma Vida - A História de Nicholas Winton, ou seja, a possibilidade de interpretar uma espécie de Oskar Schindler inglês, mas bem menos endinheirado, que salvou a vida de centenas de crianças, na maioria judias, da então Tchecoslováquia, levando-as para a Inglaterra. 

O diretor James Hawes estreia na direção de cinema, mas tem vários créditos na televisão. Isso pesa bastante no longa, produzido pela BBC, que mais parece um telefilme que escapou e foi parar numa sala de cinema. É uma história contada de forma protocolar, confiando, acima de tudo, no potencial emotivo da trajetória desse homem comum que se tornou uma espécie de herói, com a ajuda de uma rede de amigos e, acima de tudo, sua mãe, Babi Winton (Helena Bonham Carter).

Transitando entre o passado e o presente, o filme parte do livro da filha de Winton, Barbara, tendo como título um provérbio hebreu também citado em A lista de Schindler: “Quem salva uma vida salva o mundo”. Apesar de ter salvado 669 crianças, tirando-as de Praga antes que o exército nazista fechasse as fronteiras, Nick se sente culpado por não ter conseguido salvar mais. 

Em 1938, Nick (aqui interpretado por Johnny Flynn) é um homem com um enorme desejo de ajudar às pessoas. Corretor da Bolsa de Valores em Londres, ele leva uma vida confortável e muito regrada, sensibilizando-se com o problema dos refugiados quando alertado por seu amigo Trevor (Alex Sharp), deixa de viajar de férias com ele, por estar tentando evitar que pessoas sejam mortas por nazistas na Tchecoslováquia, em risco iminente de invasão nazista. O protagonista acaba viajando a Praga para se encontrar com o amigo, e fica abalado com o que vê – especialmente a miséria das crianças. 

Mesmo sem contatos, Nick tem experiência com burocracia e resolve usar esse talento para encontrar meios de transportar as crianças tchecas – negligenciadas pelos governos internacionais – e encontrar lares adotivos para elas na Inglaterra, enquanto os próprios pais não conseguirem sair da Tchecoslováquia. Entre as crianças que ele salvou está, entre outros, o menino Karel Reisz, que anos mais tarde se tornaria cineasta.

As cenas no passado, filmadas boa parte em Praga, parecem mais bem resolvidas do que as do presente, em que Nick muitas vezes está com sua mulher, Grete, interpretada por Lena Olin. Tudo caminha para culminar em um programa de televisão That’s Life!, exibido em 1988, que resgatou sua história e seu feito, rendendo aqui um punhado se cenas fortemente (e um tanto forçadamente) emotivas. 

Hawes, com seu filme, poderia ser um tanto mais ambicioso esteticamente. Uma Vida - A História de Nicholas Winton não se eleva além da história da figura que quer registrar. Hopkins e Flynn estão bastante bem, embora o filme não exija muito deles em termos de atuação. 

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