Filme após filme, nos últimos anos, Glen Powell tenta provar que é um astro. Roubou a cena em Top Gun: Maverick, mas, na comédia de sucesso Todos menos você, era apenas um galã ao lado de Sydney Sweeney, ou seja, qualquer ator bonito poderia fazer o papel. Mas em Assassino por acaso, ele mostra que não só tem carisma e talento como tudo para ser um astro, que combina um belo sorriso com a capacidade de atuar. Mas, para conseguir um filme assim, ele precisou também ser roteirista e produtor.
Powell interpreta Gary Johnson, um professor universitário de filosofia discreto e nada popular com os alunos, que acaba envolvido numa trama inusitada, na qual precisa passar-se por um matador de aluguel para que a polícia dê flagrante nas pessoas que o “contratam”.
A premissa do roteiro, escrito por Powell e o diretor Richard Linklater, inspirado numa história real, já é inusitada por si mesma, mas ganha novos contornos quando Gary se apaixona por uma mulher que pretende contratá-lo para matar seu marido. Ela é Madison Figueroa Masters (Adria Arjona), uma bela mulher que não chega exatamente a ser uma femme fatale, mas acaba envolvendo o protagonista numa teia de vingança.
Gary entra, num primeiro momento, como o assassino de aluguel quando o policial que faz esse papel (Austin Amelio) é afastado por abuso de poder e violência. O protagonista é reticente em aceitar a função, mas em sua primeira atuação prova ter nascido para esse trabalho. Porém, com Madison é diferente. Ao invés de prosseguir para o flagrante, ele acaba convencendo-a a desistir de matar o marido.
Meses depois, ela volta a entrar em contato com ele, para contar que se separou do marido, Ray (Evan Holtzman), e os dois acabam ficando juntos. Mas Gary insiste que devem manter o relacionamento em segredo. As coisas, no entanto, caminham para a velha rodovia tomada pelo gênero noir, em especial em filmes como Pacto de Sangue.
A partir daí, o filme oferece tanto a Powell quanto a Arjona a possibilidade de grandes atuações, em situações complexas e, ao mesmo tempo, engraçadas. A trama se vale das convenções do noir, mas as coloca sob um prisma de humor ácido, uma comédia verbal que permite à dupla brilhar.