Quando Gustavo (Bernardo Felinto) conhece Letícia (Sophia Abrahão) num bar, pergunta onde ela nasceu. A jovem conta que é filha de diplomata e acabou nascendo em Paris, depois ainda morou em diversos lugares. “Você é rodada, hein?”, solta ele a cantada de duplo sentido, que, mesmo tosca e sexista, funciona com ela.
Essa é a tônica de Letícia, filme dirigido por Cristiano Vieira, que flerta com um discreto sexismo fazendo da personagem- título uma mulher problemática em cenas com diálogos improváveis e ruins, no geral.
Depois de uma passarem uma noite juntos, Letícia some, deixando Gustavo ensandecido, procurando por ela, até que, dois meses depois, ele a reencontra e começam um relacionamento a sério. Mas a moça tem um segredo, como não poderia deixar de ser, e o filme se transforma num suspense.
Mentirosa compulsiva, Letícia começa a se enrolar com suas mentiras, mas o problema é ainda maior. Questões de saúde mental são um tema complicado. É preciso cuidado para lidar com elas. Fora os gatilhos, é preciso certo respeito, além de não simplificar pontos complexos, o que não acontece aqui.
Letícia erra em tudo. Não funciona como suspense, como drama, nem como romance. É desrespeitoso com a personagem, e, acima de tudo, com a inteligência do seu público.