12/02/2025
Comédia Romance

Como vender a Lua

Kelly Jones é uma marqueteira de sucesso, que subiu na vida dando pequenos golpes. Acaba contratada por um funcionário do governo dos EUA para fazer o marketing da missão Apollo 11, uma vez que a NASA está desacreditada depois do fracasso de outra missão. Ao chegar na agência, no entanto, ela baterá de frente com Cole Davis, responsável pelo lançamento do foguete, que tem uma visão da missão bem diferente da dela. Na Apple TV a partir de 6/12.

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Comédia romântica, um gênero que já rendeu clássicos como Levada da Breca e Jejum de Amor, costuma ser tão aviltado, que quando surge algo minimamente bom e que respeita a inteligência do público, tal qual Como vender a Lua, é preciso aplaudir. O diretor Greg Berlanti combina corações e mentes em seu filme, mas nada justifica as mais de duas horas do longa, que ganharia com uma edição mais enxuta. 

Scarlett Johansson, que também é uma das produtoras do filme, interpreta Kelly Jones, uma gênia do marketing que é contatada por um agente especial do governo, Moe Berkus (Woody Harrelson), nos idos de 1969. É preciso “vender” para o público e os políticos o programa espacial Apollo 11, que tem como destino a Lua. As nação não acredita mais nesse projeto, e os governantes cogitam cortar fundos. É preciso alguém que saiba fazer desse programa algo essencial na corrida espacial, e que valha o alto investimento. 

Ao mesmo tempo, na NASA, uma equipe corre para terminar o foguete que levará Neil Armstrong e seus colegas à Lua. Se é que eles irão mesmo – o filme tem um divertido comentário sobre esse questionamento em seu terço final. Tatum interpreta Cole Davis, ex-piloto de guerra que está na equipe de lançamento do foguete. Logo de cara, ele e Kelly se estranham, pois têm visões diferentes de mundo e do projeto – mas é uma comédia romântica, e desse estranhamento entre eles saem fagulhas que não são de ódio. 

O roteiro de Rose Gilroy toma várias liberdades históricas – os personagens centrais, por exemplo, são fictícios – mas, ao mesmo tempo sabe como tirar humor de forma sagaz disso. A melhor parte do filme é quando, finalmente, tudo está certo para o lançamento e a chegada do homem à Lua, que será televisionada ao vivo. 

Berkus, porém, diz que é preciso ter garantida uma versão mais bonita, criada num ambiente controlado, do pouso na Lua. Para horror e desespero de Kelly, ela não tem como fugir dessa fraude, e precisa organizar uma equipe que, ao mesmo tempo em que os fatos reais acontecem, faça uma encenação para apresentar ao público. Sem dar muito spoiler, mas uma das maiores teorias da conspiração de todos os tempos se torna motivo das maiores piadas do filme. 

Johansson e Tatum têm química, e a dinâmica típica de comédia romântica amalucada do passado funciona com eles. Especialmente com ela, que tem mais chance de fazer humor com uma personagem que desarma seu cinismo e oportunismo ao longo do filme. Tudo aqui depende da relação entre os atores, das personalidades opostas dos personagens aos diálogos rápidos. O filme pode ser sobre a viagem à Lua, mas o público não consegue tirar os olhos dessas duas estrelas. 

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