Em alta como o fantasma Beetlejuice em Os fantasmas ainda se divertem, Michael Keaton dirige Pacto de Redenção, um drama policial no qual ele também interpreta o protagonista, o matador de aluguel John Knox. Veterano em sua profissão, o personagem pensa em se aposentar, mais por conta de um problema de saúde raro, que, em poucas semanas, deteriorará sua mente, e já mostra os primeiros sinais.
Esse não é o único problema. Em uma missão, ele acidentalmente mata seu parceiro (Ray McKinnon), tentando depois alterar a cena do crime, para esconder sua responsabilidade. Como problema pouco é bobagem, John recebe a visita do filho, Miles (James Marsden), com quem não mantém contato. O rapaz chega desesperado, e conta que acabou de matar acidentalmente o pedófilo que engravidou sua filha. Ele acha que só seu pai, um assassino de aluguel experiente, pode ajudá-lo.
Como se já não tivesse tramas exaustivas demais, o roteiro de Gregory Poirier recorre a coincidências demais para mover a história. Curiosamente, é a mesma equipe que investiga os dois crimes. Lideradas pela detetive Emily Ikari (Suzy Nakamura), as investigações a princípio não encontram o nexo que os dois crimes têm em comum.
John, como o bom pai que nunca foi, tenta reconquistar o filho, forjando a cena do crime de Miles para levar as investigações a outras conclusões. Ao mesmo tempo, o filme acompanha o drama do rapaz e sua filha, que deverá fazer um aborto. As subtramas, porém, não contribuem com a movimentação da narrativa e, no fundo, só acrescentam personagens rasos ao filme.
Há ainda outras pessoas que cercam John e serão arrastadas para a rede de intrigas que o envolve. Da prostituta do leste europeu, Annie (Joanna Kulig), com quem ele se encontra uma vez por semana e a quem empresta livros, e seu melhor amigo, Xavier Crane (Al Pacino, no piloto automático, garantindo um cachê fácil), que cuidará da divisão do seu dinheiro quando o amigo perder totalmente a sanidade. Já Marcia Gay Harden faz uma pequena participação como ex-mulher do protagonista, uma participação tão minúscula que ela pode ter rodado entre o café da manhã e o almoço.
Não que o filme seja destituído de suspense. O roteiro de Poirier sabe como construir a tensão, e Keaton tem certo carisma. Mas não se deve fazer perguntas sobre a trama, pois se percebe que muita coisa não se sustenta, que as coincidências são facilitadoras demais, e que a grande reviravolta final não faz o menor sentido – embora seja divertida.