16/03/2025
Drama

Tudo O Que Imaginamos como Luz

Três mulheres moradoras em Mumbai, todas migrantes de outros lugares., dividem suas esperanças e angústias. Duas são enfermeiras, Prabha e Anu, e dividem o aluguel de uma pequena casa. A outra, Parvaty, trabalha na cozinha do hospital. Cada uma delas têm seus dilemas amorosas e terá que fazer algumas escolhas. No Telecine.

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A jovem cineasta indiana Payal Kapadi, de 38 anos, já escreveu uma história no Festival de Cannes.  Em 2021, ganhou o prêmio Golden Eye de melhor documentário com A Noite de Não Saber Nada. Em 2017, seu curta Afternoon Clouds foi o único representante indiano em Cannes, na seção Cinéfondation. Em 2024, ela venceu o Grande Prêmio do Júri com o longa Tudo o que imaginamos como luz

Numa obra que se desenha com um toque feminista, ela retrata as histórias de três mulheres moradoras em Mumbai, todas migrantes de outros lugares. Duas são enfermeiras, Prabha (Kani Kusruti) e Anu (Divya Prabha) que dividem o aluguel de uma pequena casa. A outra, Parvaty (Chhaya Kadam), trabalha na cozinha do hospital.

Montando uma narrativa minimalista, a diretora começa o filme com um trecho documental, mostrando imagens das ruas da grande cidade indiana, permeadas pela narração em off de diversos personagens cujas histórias certamente têm muito em comum com a destas protagonistas.

Retrata-se a rotina destas mulheres, destacando os desejos e frustrações de cada uma. Prabha é casada, mas seu marido vive longe, na Alemanha, e há cerca de um ano não mantém qualquer contato. Ela mergulha no trabalho para esquecer este drama íntimo, com o qual ela se acomodou. A chegada de um presente desse homem pelo correio desencadeia uma espécie de crise - o que deve fazer com este casamento, que foi arranjado, especialmente neste momento em que um médico (Azees Negumangad) demonstra interesse por ela?

Sua colega Anu, bem mais jovem, vive o dilema de manter um namoro escondido com um jovem muçulmano (Hridu Haroun). O motivo do segredo é não só a diferença de religião, mas o fato de que seus pais estão na iminência de arrumar-lhe um marido - e ela não consegue encontrar forças para enfrentá-los e romper a tradição. 

A viúva Parvaty, por sua vez, tem problemas de outra ordem: vive há 22 anos numa casa da qual não tem documentos e está na iminência de sofrer um despejo, por mais que tente resistir contra isso. 

Compondo uma espécie de sinfonia para estas três mulheres, Payal Kapadi traça um retrato inquietante da condição feminina na Índia, em que os costumes e tradições pesam violentamente sobretudo para estas personagens que vêm do interior, de pequenas vilas. O filme é extremamente lento e pode ser eventualmente dispersivo. Mas é certo que o semblante destas personagens, especialmente Prabha e Anu, ficam na nossa mente bem depois de encerrada a projeção.

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