26/03/2025
Drama

Homens de Barro

Pássaro e Angelo são dois meninos que são amigos muito próximos. Desavenças entre suas famílias acabam separando-os. Quando se reencontram, adultos, percebem que a amizade se tornou paixão.

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Homens de Barro não é uma adaptação da peça quase homônima de Ariano Suassuna (esta tem o artigo Os no início), mas uma espécie de Romeu e Romeu gaúcho dirigido pela produtora Angelisa Stein, em codireção com o argentino Fernando Musa, que assina o roteiro com o também argentino Gonzalo Heredia.

Como parece ser uma tendência infeliz do cinema contemporâneo, o longa resvala no uso de voz em off. Tudo parece precisar ser dito ao invés de mostrado, infringindo a regra básica de uma boa narrativa: mostre ao invés de ficar contando. A história de Pássaro Tamai (Gui Mallman) e Angelo Miranda (João Pedro Prates) poderia ser um conto, afinal, em boa parte do tempo as imagens são apenas redundâncias do discurso, sem acrescentar muito ao que está se ouvindo. 

Numa pequena cidade do Rio Grande do Sul, os Tamai e os Miranda são famílias rivais, o que não impediu a amizade entre os meninos, que, com o tempo, se transforma num sentimento que eles não sabem explicar. Uma tragédia, no entanto, os afasta, e anos mais tarde Ângelo volta para a ajudar a mãe, Gabriela Greco (Estela Miranda), na olaria deixada pelo pai.

Obviamente, Pássaro e Ângelo irão se reencontrar, um deles voltando da cidade grande com novos pensamentos, e o outro que viveu sempre ali, mas o sentimento será o mesmo entre eles, com interferências fazendo surgir uma tensão entre ele e Pássaro.

O que se destaca aqui é a bela fotografia do premiado Bruno Polidoro, especialmente nas imagens noturnas e nos retratos da natureza. A diretora Stein tem um filme interessante soterrado em algum lugar pelo excesso de offs narrativos. Seria preciso confiar mais nas imagens, e menos nas explicações para que esse filme existisse como deveria. 

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