16/01/2025

Fechando o ano dos festivais, Festival de Brasília divulga seus selecionados

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O 56º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro divulgou a seleção oficial dos filmes que serão exibidos, em diversas mostras, entre 9 e 16 de dezembro, na programação daquele que é o festival mais antigo do Brasil. 

Ainda não foi anunciado o longa de abertura, mas já se sabe o filme de encerramento, no dia 16: trata-se de Raoni, Uma Amizade Improvável, de Jean-Pierre Dutilleux, com sessão marcada para as 16h desse dia, no Cine Brasília. O cinema, aliás, assim como outros cinco locais de exibição (confira abaixo), incorpora a tecnologia 4k em todas as sessões da mostra competitiva e da mostra Brasília. 

Além disso, será homenageado por sua carreira o ator baiano Antônio Pitanga, de 84 anos, que terá assim reconhecida uma admirável trajetória que remete aos anos 1960, em filmes como Barravento, primeiro longa de Glauber Rocha (1962) até o recente Casa de Antiguidades, de João Paulo Miranda Maria (2020). 

Competição de longas

Seis longas fazem parte da competição. Entre eles, A Transformação de Canuto, produção pernambucana e paulista dirigida pelo cineasta indígena Ariel Kauray Ortega e por Ernesto de Carvalho, que retrata a comunidade Mbyá-Guarani na fronteira brasileira com a Argentina, por meio de uma reconstituição cinematográfica sobre a lenda de um homem que se transformou em onça.
 
Do Distrito Federal, vem Cartório de Almas, estreia do diretor brasiliense Leo Bello na Mostra Competitiva Nacional. Premiado por obras anteriores no gênero do cinema fantástico, este seu segundo longa-metragem de ficção narra a história da mais nova funcionária contratada pelo tal cartório do além. Aos 126 anos, ela tem como função protocolar as motivações de quem renunciou à eternidade. 

Em Nós Somos o Amanhã, ficção de São Paulo, Lufe Steffen, referência do cinema LGBTQIA+, mergulha numa viagem no tempo que leva uma professora de música de volta aos anos 1980, para ensinar as pessoas a lutarem contra o bullying, a perseguição e a intolerância racial, de gênero e de sexualidade na sociedade da época.
 
A seleção de longas traz de volta à capital nomes já consagrados no festival: a cineasta carioca Sandra Kogut, jurada na 54ª edição do evento, conhecida pelos longas Mutum (2007), Campo Grande (2015) e Três Verões (2019); o premiado diretor carioca Allan Ribeiro, vencedor do Candango de melhor direção de arte e edição por Esse Amor que Nos Consome em 2012; e o diretor mineiro André Novais, que participa pela quarta vez do festival, após sagrar-se grande vencedor da 51ª edição, com o longa Temporada (2018).
 
Nesta edição, Sandra Kogut apresenta o documentário No Céu da Pátria Nesse Instante, um olhar sobre os turbulentos meses do período eleitoral de 2022 que culminaram na invasão dos Três Poderes em 8 de janeiro deste ano. Allan Ribeiro mais uma vez recorre à linguagem poética para fazer uma reflexão sobre o cotidiano em Mais um Dia, Zona Norte, no qual mostra as transformações na rotina de trabalhadores da periferia do Rio. E André Novais traz sua nova ficção ambientada em Contagem (MG), O Dia Que Te Conheci, sobre a vida do bibliotecário Zeca (Renato Novais), cuja rotina é transformada após conhecer uma moça chamada Luísa (Grace Passô).
 
Competição de curtas 

São doze os curtas da seleção competitiva. Dois do Distrito Federal documentam comunidades autóctones. A Fumaça e o Diamante, de Bruno Villela, Fábio Bardella e Juliana Almeida é uma coprodução entre Amazonas e DF que acompanha o reencontro de uma família Yanomami. Vão de Almas, de Edileuza Penha e Santiago Dellape, mergulha no imaginário do Quilombo Kalunga na região de Cavalcante (GO).
 
Do Espírito Santo, vem o já multipremiado Remendo, de Roger Ghil (GG Fák??làdé), que evoca a espiritualidade anticolonial; de Alagoas, a ficção Queima Minha Pele, de Leonardo Amorim, aborda a estética queer ambientada no litoral do estado; e do Rio Grande do Sul, Pastrana, de Gabriel Motta e da skatista Melissa Brogni, documenta uma homenagem ao amigo e parceiro de rampas que dá nome ao filme, revivendo suas memórias a partir de amigos e familiares. 

A temática da espiritualidade aparece em outros dois curtas: Axé Meu Amor, produção paraibana dirigida por Thiago Costa, ficção sobre uma mãe de santo em busca do sagrado, e Dona Beatriz Ñsîmba Vita, dirigido pelo artista mineiro Catapreta, em que uma mulher singular tenta cumprir uma missão divina, inspirada no legado da heroína congolesa Kimpa Vita.
 
Três produções mergulham nas idiossincrasias da vida urbana para contar histórias de ficção das mais distintas. Erguida, dirigido e estrelado pela atriz e diretora Jhonnã Bao, do Coletivo Contraplano, acompanha a resistência de uma jovem poeta da periferia de São Paulo; enquanto Cidade By Motoboy, outra produção paulista, mostra as atribulações de um motoboy do interior do estado. Cáustico, curta brasiliense de Wesley Gondim, por sua vez, divide-se entre realidade e fantasia para narrar a história de mãe e filha em busca de cura para uma misteriosa doença. 

Completam a lista de postulantes os curtas cariocas O Nada, do poeta e dramaturgo André Ladeia, do Rio de Janeiro, que adapta um conto do autor russo Leonid Andreiev; e Helena de Guaratiba, de Karen Black, estrelado pela diretora, produtora e atriz Helena Ignez, no papel-título de uma senhora que encontra o amor em um bairro pesqueiro do Rio.

SERVIÇO 

56º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO

Data: 9 a 16 de dezembro de 2023
Locais: Cine Brasília (106/107 Sul), Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul), Complexo Cultural de Planaltina, Complexo Cultural Samambaia, Hotel Vision Plus e Auditório II do Museu Nacional da República.

Ingressos da Mostra Competitiva Nacional a R$ 20,00 e R$ 10,00, à venda na bilheteria do Cine Brasília a partir de duas horas antes de cada sessão. Demais exibições com entrada franca.

Programação completa mo site do festival.

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